Carta de Hugo Menezes a Lúcio Lara

Cota
0006.000.047
Tipologia
Correspondência
Impressão
Manuscrito
Suporte
Papel comum
Remetente
Hugo de Menezes
Destinatário
Lúcio Lara
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
3
Observações

Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»

Carta de Hugo de Menezes [manuscrita] Paris, 10/7/59 Caro amigo Recebi ontem a tua carta datada de 3/7. Obrigado pelos esclarecimentos enviados. Igualmente te agradeço (e aceito) as tuas críticas. Peço-te que nunca hesites em fazê-las, se com elas pretendes colaborar, construir e limar arestas. Contudo, não penses que estou «entusiasmado», como dizes na carta. Na verdade, estou, mas este meu entusiasmo, (até aqui mais ou menos contemplativo), este meu ideal pela emancipação do nosso povo, acompanha-me desde os bancos da escola. Quanto à minha experiência política, ou formação política, eu reconheço que, infelizmente, é igual a zero. Assim, da minha colaboração convosco, pelo menos por enquanto, vocês pouco mais poderão receber do que o meu entusiasmo por um ideal – que eu penso estar muito perto do vosso – e a minha honestidade. Recebi hoje via Londres a carta cuja tradução te envio. Não achas que podes escrever directamente? Eu escreverei ao Mr. Houser, se vires nisto uma vantagem, dizendo-lhe que alguém mais representativo do que eu entrará em contacto com ele. Poderei também escrever ao Chiume, no sentido de reforçar a tua posição e pretensão junto do mesmo fulano. Não sei se deva citar o teu nome ou não. Diz-me em termos concisos, e com a urgência que julgares necessária, aquilo que devo fazer. Se tiveres oportunidade de contactar com o Chiume, que eu conheço bem, não abras muito o jogo. É verdade que é um «Nacionalista» africano; mas, tal como Tom Mboya, «made in England». Quanto ao American Com. [American Committee on Africa], só o conheço através de um pequeno relatório que o mesmo publicou sobre Moçambique, (coisa séria, por sinal), e através de alguns nomes que figuram entre os seus membros, como Eleanor Roosevelt, e os «velhos» líderes negros americanos, Philip Randolph e Clayton Powell. Peço-te que me digas em que medida o Andrade [Mário de A.] pode conhecer os assuntos por nós versados. Eu nunca tive qualquer contacto com Haldane Roberto [Holden Roberto], e nem sei mesmo quem é. Espero que me digas algo sobre os contactos com o tipo. Penso que, antes de mais nada, convinha saber quem é. Não achas? Continuo a «aguardar», e já me começa a chatear toda esta história dos gajos da Guiné. Se eu tivesse umas massas, ia até Viena,1 e depois daria umas voltas pelos países socialistas, como vão fazer dezenas de tipos da FEANF. Assim, limitar-me-ei a vê-los partir. Vais a Túnis? Um abraço do H. AMERlCAN COMMITTEE ON AFRICA FOUR WEST FORTIETH STREET, NEW YORK 18, N.Y. – U.S.A. George M. Houser Executive Director 25 de Junho de 1959 Caro… Ouvi pela primeira vez falar de si, através de Tom Mboya, e de novo, através de uma carta de K. Chiume. Fiquei muito satisfeito ao saber da sua estadia em Londres. O nosso Comité tem estado muito interessado no problema da África Portuguesa, desde há muito tempo, e nós estamos tratando do assunto junto das Nações Unidas. Consequentemente, eu gostaria muito de contactar consigo, e, se possível, corresponder-me consigo. Estou interessado em saber em que medida você está representando algum grupo de Angola ou falando individualmente. Por outro lado, pergunto-lhe se conhece Haldane Roberto [Holden R.], de Angola, que está vivendo em Léopoldville. Ele tem estado em Accra, há já alguns meses, e creio que ele virá aos Estados Unidos na altura das Nações Unidas, ainda que detalhes sobre isto ainda não tenham sido precisados. Se você não está em contacto com ele, eu penso que seria uma boa coisa se ambos contactassem mutuamente. Eu apreciaria se você me fizesse saber se está agora em contacto com ele. ... (umas coisas que eu não percebo, mas pouco importantes),... e nós tentaremos dar-lhe toda a assistência que pudermos no seu caso. Sinceramente George M. Houser GMH/cr (Se lhe escreveres directamente, convém que te refiras à «referência» acima escrita.)

Carta de Hugo Menezes (Paris) a Lúcio Lara

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