Foi publicado no 1º Vol. de «Um amplo Movimento...»
Carta de Amílcar Cabral
[manuscrita]
Paris, 17/Fev/60
Meu caro Lúcio
Saúde para ti e para a Ruth e para o vosso grande e inigualável tesouro – Paul. Obrigado pelo telegrama que mandaste à Lena e que muito a acalmou. O telegrama para Londres deu-me o aviso e meti-me no avião para Paris, no dia imediato ao da minha chegada, pois havia ficado o domingo em Roma. Devem ter recebido o meu telegrama de ontem. A Lena e a miúda voltam para Lester [Lisboa], onde estão melhor do que em qualquer outro lado, até que eu arrume as coisas. Gosto da calma e das soluções plenas de esperança. Nada de precipitação. Ela saiu com licença de um 1 mês para me ver, pois eu estou doente. Volta, deixando-me melhor. Arranjará as nossas coisas, tratará de tudo e, então, resolveremos o assunto de vez.
Creio que não há motivos para preocupação. É preciso crer sempre e lutar. Outra coisa não tenho feito.
Espero que em Casa[blanca] as coisas marchem o melhor possível. Conto com as tuas notícias em Londres. Vou trabalhar o máximo e aguardo ansioso notícias do V. [Viriato da Cruz]. Escrevi ao Hugo [H. de Menezes]. Escreverei de Londres com mais vagar, mas desde já te digo que há belas perspectivas. Saudades à Ruth e beijos ao Paulshen. Saudades da Lena e de todos. O Mário escreveu-te. Abraça-te o
Abel
Carta de Abel [Amílcar Cabral] (Paris) a Lúcio Lara