Carta de Castro Soromenho a Lúcio Lara

Cota
0014.000.070
Tipologia
Correspondência
Impressão
Manuscrito
Suporte
Papel comum
Remetente
Castro Soromenho
Destinatário
Lúcio Lara
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2

Meu Caro Laura [Lara]:
Nada sei de vocês directamente, porque ninguém escreve. Nem o Mário! Sei que ele está ausente, e embora não saiba de ti creio que te encontro em Conakry, daí estar a escrever-lhe para vos comunicar que visitará a Guiné o jornalista venezuelano Cayetano Ramirez, pessoa de confiança política. Vai fazer uma grande reportagem. Creio que o Mário o conhece pessoalmente; todavia diga-lhe que ele é recomendado, em especial, por Oswald Vigas. Dê-me notícias.
A oposição está a encarar muito bem a situação criada pela Declaração ao Povo. Já há manifestos. Você sabe que essa gente para escrever está sempre pronta. O ambaquista não é uma invenção - é uma herança lusitana.
    Recomenda-me aos amigos. Cumprimentos à tua mulher e um beijo ao Paulo. Para si, um grande abraço do seu

Soromenho

27. Agosto/60

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[Recorte de jornal]
“Le Monde” de 7 Agosto

PORTUGAL.- Plusieurs journaux mènent campagne en ce moment en faveur d’une large amnistie (l’ocasion du cinq centième anniversaire de la mort d’Henri le Navigateur) pour tous les prisonniers politiques. L’idée a été lancée il y a quelques jours par le quotidien indépendant < Diario Popular >, qui dit avoir reçu depuis de nombreuses lettres de lecteurs approuvant son initiative.

[Comentário escrito por baixo do recorte]
V. está a perceber… Abrirem-se os portões da cadeia para a unidade… Tão desejado pelo ditador nesta hora “africana”, sob a asa protectora do Infante das descobertas… Ora toma!

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[Recorte de jornal]
France Observateur
24 de Agosto

Ce qui passe au Portugal

D’un lecteur de Lisbonne:
    Je regrette que France Observateur que je félicite pour ses positions courageuses de défense du socialisme et de la démocratie ne donne pas assez d’informations sur ce qui se passe au Portugal.
    Malgré la <paix du tombeau> qui règne apparemment dans mon malheureux pays, il y a eu des événements d’une certaine importance politique, depuis l’exil spectaculaire au Brésil du général Delgado, ancien candidat démocratique aux dernières élections générales truquées, jusqu’aux fuites multiples des prisonniers politiques, comme les dirigeants communistes, accompagnés de leurs gardiens… en passant par la tentative avortée de révolution militaire, en mars 1959, et la grand répression qui s’ensuivit. Cette répression a atteint beaucoup d’étudiants, et s’aggrave à mesure de l’augmentation du coût de la vie, de la crise agraire et de la peur des fascistes; du développement des mouvements nationaux des colonies portugaises d’Afrique (il y a des centaines de prisonniers en Angola à qui on refuse la défense par des avocats librement choisis).
    Ce rapide aperçu de la situation peut vous montrer combien serait utile pour nous une dénonciation des crimes fascistes de Salazar par la presse libre. Franco et son régime - pareil au nôtre - ont beaucoup plus de publicité…

Carta de Castro Soromenho a Lúcio Lara, com dois recortes de imprensa colados na parte de trás, um do Le Monde e outro do France Observateur

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