Reflexões sobre questões político-militares

Cota
0019.000.020
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Mar 1961
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

 [Sem data – provavelmente Fevereiro-Março de 1961] 1– ORGANIZAÇÃO CLANDESTINA POLÍTICO-MILITAR (milícias e grupos) a) milícias Nos contactos a ter estudar desde o início quais os indivíduos capazes de formar o embrião das milícias do MPLA e quais os que deverão limitar-se a uma actuação política. Os candidatos às milícias deverão ser patriotas decididos a todos os sacrifícios, nomeadamente o de entrar eventualmente em Angola e serem capazes de assimilar razoavel­mente o programa político-militar do MPLA. Desde logo os candidatos às milícias devem começar a ser preparados com as instruções de carácter militar já existentes. Algum ou alguns desses candidatos às milícias devem encarar a hipótese de estabelecer contacto directo com os grupos armados responsáveis pelos acontecimentos actuais de forma a convencê-los em se deslocarem da cidade e a instalarem-se nas aldeias. Não se deve enviar ninguém à toa para Angola, quer dizer se alguém puder desde já deslocar- -se até lá deverá ir com uma missão de execução e controle possível (organização de grupos de acção, sabotagem) aos quais ministrará os ensinamentos político-militares colhidos. Toda a deslocação para ou a Angola deve ser encarada com o problema do regresso ou da ligação resolvidos. Para já e a todo o custo se deve fazer chegar a Angola o mot-d’ordre de não atacarem nas cidades e começarem a fortalecer-se nas aldeias onde o inimigo não tenha nenhuma força ou esteja muito fraco. Interessa que desde já se assegure uma orientação do MPLA na condução da luta armada em Angola. b) grupos A possibilidade de uma sólida estruturação de grupos deve ser estudada e resolvida. Se necessário (e deve sê-lo), encara-se a hipótese de admitir funcionários para desempenhar missões do MPLA que não possam estar dependentes de ocasião mais propícia para serem realizadas. Esses funcionários serão pagos segundo as suas necessidades e as possibilidades do MPLA. A imprensa e a Rádio não devem ser descuradas. Se necessário adquirir máquinas de modo a facilitar um trabalho rápido de divulgação das palavras de ordem e das questões que mais preocupam o MPLA. Se possível contactar indirectamente gente da rádio para inquirir da possibilidade de transmissão de programas e de palavras de ordem (não só em Léo mas também em Brazza – rádio Congo). A hipótese de um posto emissor em PN [Ponta Negra]. Estabelecimento de ligações rápidas com Angola – (Hipóteses a encarar por via legal: Renato (emissora católica), Germano, mulher do Gualdino, Spencer, Filipe (funcion. MPLA empregado de comércio em Ponta Negra); o padre Marcos. c) Ida a Matadi para estudar in loco a possibilidade de contactos frequentes com Angola. Encarar a necessidade de se investir uma certa quantia na compra por um angolano de um meio de transporte que a coberto de viagens de negócios possa fazer correio e carreiras para a fronteira. Ainda em Matadi contactar e organizar todos os soldados que estejam dispostos a dedicar-se à luta de libertação da n/ pátria. Ver das possibilidades de fazer sair dois ou três para regressarem e entrarem em Angola. d) O problema da vinda do Melo e do Ferreira??? QUESTÃO DE ORDEM PURAMENTE MILITAR Estudar com todos os indícios sérios a melhor localização de uma futura base. Encarar neste aspecto o particular interesse de uma aliança militar com a ALIAZO (com todas as cautelas possíveis) de modo a garantir-nos a possibilidade de actuação no distrito Congo (S. Salvador). Esta região seria aquela onde nos poderíamos instalar no início. Far-se-ia aí um trabalho sobretudo político e daí começaríamos a irradiar para outras zonas (Cuanza Sul, Quando Cubango, Malange, Moxico, etc.) Na zona do Congo evitar-se-ia o desencadeamento de uma acção armada a menos que ela tivesse probabilidades asseguradas de êxito. Cuidar de obter imediatamente todas as informações de carácter militar sobre o inimigo: número de tropas estacionadas, locais de estacionamento, composição dessas tropas (brancos e africanos), cartas de Angola com o maior detalhe possível, estado de espírito das populações, reacção das populações aos recentes acontecimentos de Angola. Problema puramente político – A questão da Conferência das colónias portuguesas e a possibilidade de uma frente para aparecer na Conferência dos povos Africanos.

Reflexões sobre questões político-militares «Organização clandestina político-militar (milícias e grupos)…»

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