Relatório do Comité de Acção do MPLA em Léopoldville

COMITÉ DE ACÇÃO Léopoldville Ref. C/A/B/ 42 Léopoldville, 14 de Agosto de 1961 O tempo passa célere e, na actual conjuntura, uma semana que passe tomba como mês na balança da eternidade. Por isso no ânimo de reduzir os eternos espaços aproveitamos esta ocasião para vos informar de diversos acontecimentos. l – Com data de 8 do corrente recebemos um convite do ALIASO [sic] para uma reunião de todos os partidos angolanos, no dia nove, o que supomos ser para o estabele­cimento do Front. Com efeito do domingo anterior, dia seis, e na 4ª feira da mesma semana – tivemos nós e outros partidos a ocasião de contactar personalidades britânicas e canadianas que se interessam pela nossa causa e prometem auxílio material e moral. A recomendação era sempre como epílogo da conversação um convite à união dos partidos para uma luta de conjunto. Entretanto estão todos de acordo que temos de preparar em conjunto o que se vai referir à Comissão de Inquérito da ONU para Angola. 2 – O nosso irmão Luiz de Almeida informou-nos na sua carta de JULHO que tem amigos que desejam fazer reportagens fotográficas sobre a luta em virtude de certos nguetas desvirtuarem através de filmes e projecções a questão angolana, fazendo dela um caso de barbarismo. Aguardamos responder-lhe acerca da possibilidade de entrada desses amigos em Angola, após o exame de controlo da luta lá dentro. 3 – Os amigos jornalistas suecos Anders Ehmark e Bertil Stilling recomendados pelo Cabral escreveram de Estocolmo, agradecendo a nossa cooperação na sua viagem à fronteira, coroada de êxito. Estiveram mesmo em Angola, nas matas da que estava mais indicado, nessa altura. 4 – Com data de dois de Agosto recebemos a título informativo, da União Congolesa para Libertação de Angola “UCLA”, uma cópia em que pede ao Embaixador, um ­delegado a fim de discutir com ela, a situação actual de Angola e evitar os mal-entendidos entre os portugueses e congoleses, e também anunciando àqueles uma próxima expulsão em virtude de não poderem continuar a viver no Congo como querubins e serafins. 5 – O nosso “excelente amigo” Fullbert Kimina Makumbu redactor de “La Semaine Africaine” respondeu em 30 de Junho em termos mais ou menos ambíguos a uma carta do Jorge Freitas, dizendo que as suas objecções e comentários acerca da nossa Conferência de Imprensa, eram a partir dos comentários da rádio Moscovo, Conacry, Cairo, Belgrado, e não teve intenção alguma de nos taxar de comunistas, etc. 6 – Alguns dos nossos militantes, como José Chiambo e Francisco Fodido, dada a crise que atravessamos, depuseram as armas do MPLA para passarem à UPA. Lamentamos essa defecção. 7 – Seguem alguns relatórios em anexo: a) Uma informação respeitante ao pessoal e propriedades das Missões Metodistas em Angola por áreas administrativas, fornecida por um missionário vindo de Angola. (Vai em Inglês) b) Uma informação de Carlos Manuel Carnotth das áreas dos Dembos, chegado a 25/7/61 c) A situação em Luanda por Joaquim Luiz Casimiro – (Saído de Luanda a 21 de Junho de 61) d) De vários sobre a situação em geral Leste de Angola e) Diversos relatórios de Jorge Freitas f) Um relatório de Oviti acerca sua ida Morbeke [Nota manuscrita: Com as nossas saudações António Monteiro]