Carta de G. Yumbu, deputado congolês sobre reconhecimento do GRAE

Cota
0051.000.045
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel comum
Remetente
G. Yumbu - Deputado Nacional
Destinatário
Presidente da Câmara de Representantes do Congo-Léo
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

 25 de Junho de 1963 [Nota manuscrita, em francês: “Cópia para informação MPLA”] 284/LM/CK/CC/PSA/63. Ao Senhor Presidente da Câmara dos Representantes em LÉOPOLDVILLE / KALINA Senhor Presidente, Soubemos de fonte fidedigna (1) que o Governo se propõe reconhecer, como única organização de luta em Angola, a FRENTE NACIONAL DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA. Esta atitude, contrária ao espírito da Carta de Addis Abeba, que acabámos de ratificar, apenas reforçaria as forças imperialistas que massacram e matam os nossos irmãos de Angola. De facto, o Governo não poderia beneficiar cinicamente da divisão entre os dois movimentos de libertação de Angola, o MPLA e a FNLA. Seria criminoso, da parte do Congo, servir a causa dos colonialistas cujo princípio é dividir para reinar. Possa a Câmara dos Representantes considerar a urgência desta questão e pedir ao nosso Governo que antes favoreça o entendimento entre os dois movimentos do que seja um fermento de divisão e de afastamento das forças populares de Angola que lutam pela sua libertação. O Governo não poderia correr o risco criminoso de afastar um desses dois movimentos. As duas organizações deverão receber o apoio desinteressado do nosso Governo sem qualquer discriminação. Senhor Presidente da Câmara, oSenhor poderia, inscrever esta questão na ordem do dia dos nossos debates para que o Congo não possa ser um apoio oculto do colonialismo português. O MPLA e a FNLA são dois movimentos cuja audiência internacional já está consolidada. Afastar um dos dois do Congo para apenas favorecer um equivaleria a criar um estado de cisão na população de Angola, o que todos nós reprovamos. O nosso papel, como país irmão e fronteiriço, é o de conceder o mesmo crédito aos movimentos em luta para que se acelere o processo de libertação de Angola e portanto da África ainda sob o jugo do colonialismo, segundo o espírito da Carta de Addis Abeba. A nossa posição clara e sem equívoco só beneficiaria a vitória das forças nacionalistas sobre a reacção colonialista de SALAZAR. Queira aceitar, Senhor Presidente, os protestos da nossa mais elevada consideração. G. YUMBU Deputado Nacional [segue assinatura] (1) Faço alusão à Conferência Ministerial extraordinária realizada a 24 de Junho de 1963 e trazendo à ordem do dia o reconhecimento apenas da FNLA.

Carta de G. Yumbu, deputado congolês sobre reconhecimento do GRAE (Doc. 284/LM/CK/CC/PSA/63, Léopoldville-Kalina)

A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.