Circular do MPLA aos militantes, sobre crise no seio do MPLA

Cota
0055.000.007
Tipologia
Circular
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

 C I R C U L A R 1 AOS MILITANTES DO MPLA Camarada! Bom militante que és, assediado pelos mais pérfidos boatos, sem facilidade de obter notícias rápidas do teu Movimento, não perdeste a cabeça nem abandonaste o teu posto. Disciplinadamente, esperaste a ocasião de ser informado, procurando manter a calma e a disciplina das massas e a ordem nas tarefas que dependem de ti. Com essa atitude ganhaste jus a um especial apreço de toda a Organização. A situação difícil que o Movimento atravessa neste momento tem a sua origem no reconhecimento do chamado “Governo da República de Angola no Exílio”, um “governo” que o nosso Povo não votou nem sequer representa a maioria dos partidos políticos que lutam pela libertação do nosso País. O primeiro país a fazê-lo foi a República do Congo (Léopoldville) e esse facto abriu as portas a toda uma conspiração contra nós que vem de longa data. Na verdade a África vive, actualmente, uma fase de influência toda favorável ao neocolonialismo, e o nosso Movimento que desde sempre se afirmou pelo princípio ­revolucionário duma independência completa e real, não pode ser visto com bons olhos. Essa tendência neocolonialista; a deserção do responsável do Departamento da Guerra do nosso Movimento; e o afastamento do camarada Mário de Andrade explicam, quase só por si, as conclusões a que chegaram o Comité de Conciliação e a Conferência dos ministros dos negócios estrangeiros africanos em Dakar, e ainda a atitude de alguns países africanos depois desta Conferência, que se apressaram a reconhecer o “Governo” formado pela UPA e o PDA. Mas ainda houve mais: houve, como todos nós sabemos, a desgraçada influência causada pela indigna atitude de alguns antigos camaradas que não hesitaram em oferecer o MPLA à UPA e a declarar ao Movimento uma guerra de morte. Isto tudo mostrou aos olhos da opinião estrangeira um MPLA a desfazer-se aos bocados... Ninguém podia imaginar que dentro do nosso Movimento havia homens decididos a enfrentar as dificuldades, por maiores que elas fossem. O MPLA não desfaleceu aos ataques que lhe lançaram de todos os lados. A prova disto é que em Léopoldville, nas fronteiras, no estrangeiro, os militantes mais corajosos e com maior noção do dever mantêm-se firmes e serenos nos seus postos. Com a noção exacta da gravidade da situação, mas sem alarmes que nunca se justificam. Certo de que o Movimento está colocado perante uma situação especial que requer medidas também especiais e profundas, este Comité Director está estudando com toda a urgência as medidas que se impõem a fim de as apresentar aos quadros do Movimento para que eles se pronunciem claramente sobre o rumo a seguir nesta fase dos acontecimentos, rumo que só pode ser o da continuação da luta num ritmo mais intenso. Não duvidamos que a nossa Causa sairá fortalecida desta crise. A NOSSA LUTA SÓ ACABARÁ QUANDO A REVOLUÇÃO ACABAR! VITÓRIA OU MORTE! O COMITÉ DIRECTOR DOC. 113/63 – AM/LF. Léopoldville, 6 de Setembro de 1963

Circular do MPLA aos militantes (Doc. 113/63) sobre crise no seio do MPLA (Léopoldville)

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