Comunicado da JMPLA sobre a JUPA

Cota
0058.000.081
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
JMPLA - Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»


JUVENTUDE DO MOVIMENTO POPULAR
DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA
J.M.P.L.A.
B.P. 2353 - Tel. 49-15
BRAZZAVILLE

COMUNICADO

A Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola (JMPLA) acaba de ter conhecimento de uma circular distribuída pela Juventude de União das Populações de Angola, intitulada A LUTA CONTRA O TRIBALISMO, cuja finalidade é de induzir em erro a opinião geral, fazendo crer que ela abandonou os princípios condenáveis pelas quais sempre se regeu, e que são afinal os mesmos do seu patrono - a UPA, também conhecida por FNLA ou “grae”.
A circular em causa resume-se aliás, num ataque pouco convincente ao tribalismo que a sua organização sempre encorajou, e na tímida apologia da unidade que sempre combateu.
Na realidade, a JUPA que hoje vem falar de unidade foi a mesma que sabotou e destruiu o Rassemblement da Juventude Angolana realizado no mês de Outubro de 1961, não obstante os seus delegados terem jurado solenemente defendê-lo e contribuir para a sua consolidação.
A JUPA que hoje se pretende regenerada é a mesma que no Congresso da Juventude Angolana realizada pela WAY em Léopoldville de 13 a 21 de Abril de 1963 se recusou a aderir à proposta construtiva da JMPLA para a constituição dum Comité de Coordenação de todas as organizações congéneres, primeira etapa para a consolidação da unidade entre as organizações juvenis angolanas. A sua atitude seguia o mesmo diapasão da afirmação feita no mesmo congresso pelo seu presidente geral Sr. Holden Roberto, e que “não queria ouvir falar em unidade”. Tornou-se evidente a todos os participantes e observadores que a táctica da UPA e dos seus agentes era, como acontece com os imperialistas, “dividir para reinar”.
É impossível conciliar a diversão táctica que essa sua circular representa com o que acontece neste preciso momento ao longo da fronteira, onde os seus agentes continuam a espalhar as mesmas palavras de ordem tribais, regionais e racistas que sempre caracterizaram o seu trabalho político, ou na base de Kinkouzou, onde as lutas tribais se sucedem entre soldados, e onde já se registaram várias mortes.
Por outro lado, é impossível conceber que a JUPA, hoje tão interessada nos malefícios tribais e na necessidade da unidade, não procure, pelos mesmos motivos, combater o governo da sua organização, um verdadeiro modelo de organismo antiunitário e tribalista e, portanto, antidemocrático.
Essa circular é uma tentativa desesperada para acalmar a inquietação e os sintomas de desagregação que se verificam no seio da própria UPA, onde as lutas das facções tribais vão até ao assassinato de soldados e militares.
Convém lembrar os milhares de angolanos assassinados no interior do País, apenas por serem mestiços ou pertencerem a grupos étnicos diferentes dos do Sr. Holden Roberto.
Convém lembrar a fúria fratricida com que foram assassinados os militantes do MPLA na região do FUESSE (KALUKA), e nas margens do LOGE pelos bandos da UPA, obedecendo às ordens do seu chefe.
Hoje, a luta entre o Sul e o Norte nas fileiras da UPA, atingiu já a própria direcção, onde uns e outros procuram a hegemonia do seu grupo, seja por que processo for.
Uma das vítimas dessa rivalidade tribal foi Dr. Liahuca e o seu adjunto canadiano, recentemente espancados no próprio dispensário.
A JMPLA consciente que a referida circular não passa de uma manobra para servir os baixos interesses da organização Holden Roberto, chama a atenção da opinião mundial para não se deixar iludir, contribuindo com a sua vigilância para o saneamento da luta do Povo angolano pela sua independência.
A JMPLA exorta toda a Juventude Angolana movida pelo único interesse de lutar pela real libertação da nosso País a intensificar por todos os meios a luta, desencadeando a cada momento e em cada lugar um combate sem tréguas ao colonialismo, oo imperialismo e aos seus agentes, bem como a desencorajar ou afastar, se necessário, os divisionistas, os derrotistas, os oportunistas e os traidores.

B/VILLE, 30.1.64 POR UMA ANGOLA VERDADEIRAMENTE LIVRE E
DC/CS. , DOC./Nº 6/64 UNIDA
VITÓRIA OU MORTE!

PELA DIRECÇÃO DA J.M.P.L.A.
[carimbo da JMPLA]

Comunicado da JMPLA sobre a JUPA (Doc. 6/64-DC/CS) (Brazzaville)

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