Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»
MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA
MPLA
C.P. 2353 – Tel. 4915
BRAZZAVILLE
DOC./15/64 – AM/CS
COMUNICADO
Recomendando ao Comité dos Nove para agir no sentido de alcançar a unificação do nacionalismo angolano, a Conferência dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da OUA, realizada em Lagos de 24 a 29 de Fevereiro, voltou a colocar o problema no ponto em que o tinham deixado os Chefes de Estado africanos em Addis Abeba.
No entanto, essa recomendação, que melhor corresponde à necessidade de encontrar uma solução rápida para a luta desigual que se desenrola no interior de Angola e que também corresponde melhor aos interesses do Povo angolano, não parece encontrar a concordância que seria de esperar por parte daqueles à quem apenas a ideia do exclusivo entusiasma. A prova disso é que os vemos de novo preocupados em fazer uma campanha de difamação pessoal contra os membros do nosso Movimento. Aliás, uma campanha tão grosseira só poderá enganar os tolos e os mal-intencionados.
De qualquer forma, o MPLA não perderá o seu tempo com campanhas de difamação nem com manobras de diversão mais ou menos astuciosas. A gravidade da situação no interior do País domina toda a sua atenção.
Três anos após o início da luta armada em Luanda, as condições nas quais vive o nosso Povo reflectem, de forma chocante, as deficiências na actuação de certos movimentos políticos, sobretudo os que pretendem deter o monopólio dos meios de luta mas que não fizeram mais do que travá-la através de massacres fratricidas e da conspiração internacional.
As delegações populares que, nestes últimos tempos, se deslocaram do interior para se juntarem a nós, para nos comunicar as condições dramáticas nas quais se encontra o nosso Povo, confirmam tudo o que já dissemos sobre os vícios introduzidos na nossa luta com o objectivo de impedir o seu desenvolvimento normal.
O MPLA, que sempre se recusou a ser cúmplice da situação cruel na qual se encontra o nosso Povo, tendo reflectido sobre os apelos das populações do interior, exorta todos os responsáveis dos movimentos políticos angolanos a preocuparem-se com a situação dramática das populações no interior de Angola, impedidas de defender a sua dignidade, devido ao cerco a que estão sujeitas; e com o facto de milhares de outros Angolanos, movidos pela sua fé patriótica, vivendo nas florestas com a esperança de poderem se opor eficazmente ao colonialismo português, estarem a atingir o seu último estágio de resistência.
Em nome do Povo angolano que sofre no interior do País, e indo no sentido da recomendação da Conferência de Lagos, o MPLA decide lançar a ideia da realização de um CONGRESSO DE TODAS AS ORGANIZAÇÕES POLÍTICAS ANGOLANAS, para estudar os problemas de unificação das forças nacionalistas e os do desenvolvimento da luta armada. Uma reunião a nível dos movimentos nacionalistas apresenta dupla vantagem de permitir, por um lado, evitar os antagonismos e por outro, acelerar a procura de uma solução que é exigida, com mais ardor do que nunca, por todo o Povo angolano.
Como já o afirmámos no nosso comunicado Nº 14, de 7 de Março, O MAIS IMPORTANTE NESTE MOMENTO NÃO É VALORIZAR UM “GOVERNO” NÃO REPRESENTATIVO, SEM PRESTÍGIO E SEM FUNÇÃO, MAS SOBRETUDO COLOCAR OS HOMENS E OS PROGRAMAS, AS ARMAS E AS FINANÇAS DE TODAS AS ORGANIZAÇÕES INTEIRAMENTE AO SERVIÇO DO INTERESSE FUNDAMENTAL DO NOSSO POVO:
A CONQUISTA POR TODOS OS MEIOS DA INDEPENDÊNCIA COMPLETA!
B/ville O Comité Director do MPLA
13.3.64 [carimbo do CD do MPLA]
Comunicado do MPLA sobre Comité dos Nove (Doc. 15/64-AM/CS) (Brazzaville)