Declaração do MPLA sobre «adesão» de Viriato da Cruz ao GRAE

Cota
0060.000.025
Tipologia
Declaração
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA
MPLA
C.P. 2353 – Tel. 4915
BRAZZAVILLE

DECLARAÇÃO

Sabendo que uma grosseira intriga está em curso para induzir em erro a opinião pública em geral e os países africanos em particular, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) faz questão de denunciar imediatamente e com veemência as manobras que se esboçam.
1. O Sr. Holden Robert atormentado pela divisão da FNLA que já é do domínio público; preocupado com o resultado da Conferência de Lagos que foi desfavorável às suas teses exclusivistas; acossado pelo clamor popular que o torna responsável pela adulteração e o atraso da luta de libertação nacional, decidiu montar uma manobra de diversão, fazendo circular a notícia segundo a qual “uma fracção do MPLA estaria disposta a juntar-se ao seu “governo””.
Verdadeira chantagem política, esta manobra exige uma explicação. Em todo o caso, a realidade é muito diferente.
O Sr. Holden Roberto não sabendo como evitar conformar-se às decisões da Conferência de Lagos e pressionado pelas graves dificuldades internas que o absorvem, não teve outra solução senão aceitar negociar com um grupo de indivíduos indesejáveis, os quais desde 6 de Julho de 1963 já não pertencem à nossa Organização. Esses indivíduos foram expulsos naquele dia por razões que foram tornadas públicas, a saber por sabotagem premeditada e sonegação de fundos do Movimento assim como por sectarismo e oportunismo político.
Compreende-se sem grande esforço que se trata de uma manobra desesperada do “grae” a fim de salvar uma situação cada vez mais podre, fazendo crer que o MPLA é que está dividido. Os dirigentes do “grae” imaginam assim poder evitar a solução da unificação recomendada pela OUA em Lagos, tal como os Chefes de Estado africanos tinham estabelecido em Addis Abeba. O Sr. Holden Roberto quer destruir as últimas possibilidades de unidade.
O Comité Director do MPLA desmente categoricamente a existência de qualquer dissidência no seio da sua Organização. Reafirma claramente e em termos definitivos que o Movimento Popular de Libertação de Angola é uma organização revolucionária onde a indisciplina não é tolerada, por parte de quem quer que seja. Insiste que a sua coesão, bem demonstrada pela Conferência de Quadros recentemente realizada em Brazzaville, não pode ser posta em causa pela depuração de indivíduos que se fazem notar por um comportamento de indignidade política.
2. Por esta mesma ocasião, mensageiros do Sr. Holden Roberto encontram-se em Lagos, aparentemente com o objectivo de obter a criação de uma subcomissão da OUA exclusivamente encarregue dos fundos para a luta angolana.
A “comovente” inquietação dos dirigentes do “grae” pela formação da dita subcomissão não engana ninguém, sobretudo quando se conhece a grande habilidade comercial do seu chefe. A sua intenção de conquistar uma influência decisiva junto da subcomissão proposta, obtendo por esse procedimento uma situação de privilégio sobre todas as outras organizações, é evidente.
O Movimento Popular de Libertação de Angola denuncia mais esta manobra inspirada no mesmo espírito de exclusivismo político; chama para ela a atenção dos organismos competentes da OUA e espera dos Países membros da Organização um comportamento escrupuloso e digno.
B/ville – 20.3.64
o Comité Director
[carimbo do CD do MPLA]

Declaração do MPLA sobre «adesão» de Viriato da Cruz ao GRAE (Brazzaville)

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