Carta de Lázaro António Diogo, da Unidade do Piri-Quibaxe, ao MPLA

Cota
0064.000.007
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Remetente
Lázaro António Diogo
Destinatário
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

Unidade de Piri-Quibaxe, 6 de Julho de 1964

Saudações fraternais a todos os combatentes que lutam politicamente para Libertação da nossa amada Angola.
Estou de saúde e cada vez mais oprimido pelos inimigos da Base ou seja ELNA e vampiros portugueses. Contudo nunca deixei de mostrar a eles as minhas actividades de MPLA. Confesso-lhe que tenho defendido heroicamente a verdade que existe em MPLA. Por tanto usarmos a verdade, por isso que somos odiados por os mesmos, que são contra. Mas agora todos estão de acordo com a notícia que tenho ou temos acolhido no rádio. Agora todos que vêm daí, explicam a verdade, que de qualquer maneira o MPLA nos tirará nas matas e não o partido que temos adorado há tanto tempo.
Tenho todo trabalho desde 1961 com registo do MPLA. Não dá para deixar com qualquer homem, se bem que tudo não está em ordem, dando a pobreza do papel e tudo... Somente terei o trânsito livre, quando chegar uma patrulha nossa, que possa assegurar esta população nas matas. Todo povo de Piri é do partido de MPLA e por isso somos bastante oprimidos. O único traidor que temos é o Sr. Domingos Miguel, que também tanto nos tem ameaçado à morte.
No dia 15.5.64 realizou-se uma conferência na mesma unidade em cima mencionada, dirigida por Chefe das operações da Zona de Kibaxi – Oficial Andrade Pedro Neto – natural do Gombe de Zombo e acompanhado com nosso traidor Domingos Miguel. Esta conferência é que havíamos de ser varridos para sempre. A l.ª conferência que é de 10.3.64, já deve ter o conhecimento pelo nosso Domingos Luiz que aí anda ou seja pastor Manuel Pereira Inglês.
É triste não entendermos a finalidade da nossa luta. Mas que sim, desde que chegaram esses treinados nunca fizeram trabalho que agrada o povo. Todos agora estão de acordo com o nosso partido que é único, que nos tirará nas matas.
Tenho muito desejo de aí seguir, mas com tanto obstáculo no caminho para aí, que fazer?!... Mas logo que venha uma patrulha nossa terei as portas abertas para aí. Do contrário a minha vinda para aí está convosco aí na Direcção.
Os povos mais odiados aqui são os seguintes: Piri, Gombe-ia-Muquiama e Mazumbo de Nambuangongo. Algumas sanzalas que nos odiavam estão pedindo perdão, dando a explicação dos delegados que estão vindo com as notícias daí em Léopoldville.
Em 2.7.64 tivemos uma desavença com soldados treinados no Centro do Piri, Quibaxe e sempre nós formos vitoriosos e viram-se obrigados a pedir paz, para connosco.
Espero que me envie com muita urgência, livros, tinta e alguma roupa e medicamento.
Tenho estado a trabalhar afanosamente com o nosso José Congo Sebastião que tanto também tem me auxiliado nos meus trabalhos.

LÁZARO ANTÓNIO DIOGO

Carta de Lázaro António Diogo, da Unidade do Piri-Quibaxe, ao MPLA (Piri-Quibaxe)

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