Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»
Léopoldville, 7 de Agosto de 1964
Juventude do Movimento Popular
de Libertação de Angola
JMPLA
LÉOPOLDVILLE
(República do Congo)
UMA FASE ACTUAL DO NACIONALISMO ANGOLANO
Jovem Angolano,
É de importância capital, analisarmos sem ilusões a situação actual do Nacionalismo Angolano. Há mais de três anos que o povo angolano se bate com armas na mão contra a presença colonial em Angola e para a conquista de liberdade do território nacional. Durante estes anos de luta e a custo de muito sangue e de muitos sacrifícios, o povo angolano tem como resultado positivo o reconhecimento do FNLA e do GRAE como instrumentos de combate para a aceleração da luta para libertação nacional.
Sabe-se que existem indivíduos que fazendo causa comum com a dos portugueses não admitem nem aceitam a existência do GRAE. Combater ou negar a existência do GRAE é desconhecer o sacrifício feito pelo povo durante os três anos de luta heróica; é sabotar criminosamente a vitória do povo em luta armada, porque o GRAE é filho da luta popular. E porque o nosso povo vem lutando desde há três anos que o mundo concebe, acha natural e aceita que haja um Governo Revolucionário dessa luta de massas que dura desde há três anos.
O reconhecimento do GRAE pelos países Africanos significa que a luta do povo de Angola é tomada em elevada consideração por eles e que há estados que consideram, oficialmente, que a luta do nosso povo é totalmente justa, é séria e merece o apoio oficial. Não se deve combater o GRAE, porque ele é uma vitória merecida do povo em luta. Mas deve-se fazer a que ele sirva ao seu verdadeiro dono, que são as massas populares [ilegível] sacrifícios e derramando muito sangue.
Infelizmente existe no nacionalismo angolano indivíduos do chamado “grupo-
-classe” que tentam por todos os meios desviarem a atenção dos Chefes de Estado africanos para não ajudarem a causa justa e sagrada do povo que é a libertação total e imediata do solo pátrio. Esse grupo é aquele que, depois do desencadeamento da insurreição armada do povo, veio de Portugal com o seu ultra-egoísmo encarnado no espírito, pretendendo por todos os meios impor-se ao povo com a sua politiquice de calúnias, intrigas e de diversão. A política de libertação nacional não pode ser feita com “complots”. O resultado dessa política não é senão semear a desordem e o desentendimento no seio do povo angolano.
Costuma dizer-se que um indivíduo não pode fazer mais do que aprendeu. Ora este “grupo-classe” que aprendeu bem as manhas portuguesas, não é de se admirar que o resultado da sua política seja a intriga e a divisão do nacionalismo angolano. Sabe-se que esta táctica de divisão só beneficia os colonialistas portugueses e os seus aliados. O mesmo “grupo” passa a distribuir panfletos dizendo que eles são os “únicos e verdadeiros nacionalistas” que podem assegurar a luta no interior de Angola, que são eles os “únicos salvadores do povo angolano”. Quem é capaz de acreditar que um grupo de 10 ou 20 doutores, engenheiros ou filósofos, podem, verdadeiramente, sós, fazer avançar a luta no interior de Angola sem a participação activa das massas, que eles chamam “os não civilizados” que constituem a maioria da população angolana, que durante séculos são exploradas, oprimidas e humilhadas?
Não e não. A história nunca registou factos idênticos.
Quem faz a história é o povo e só o povo é o único dono da história. Por isso, nenhum grupo de indivíduos, sejam eles doutores ou filósofos, podem substituir-se ao povo. Jovem Angolano, O que pensas deste “grupo” que pretende sabotar criminosamente a luta das massas no interior de Angola? Já viu que todos os angolanos que fizeram os seus estudos em Portugal e que assimilaram melhor as manhas portuguesas decidiram agrupar-se e formar a força contra-revolucionária de Angola? Jovem Angolano. É chegada a hora de identificarmos os traidores à causa do nosso povo. Jovem Angolano. GUARDAI VIGILÂNCIA. Em casa, na rua, no bureau, no trabalho.
VIGILÂNCIA CONSTANTE. Abaixo o colonialismo português. VIVA O GRAE. VIVA A VITÓRIA IMEDIATA DO POVO ANGOLANO.
A DIRECÇÃO GERAL PROVISÓRIA
[Leva um carimbo com os seguintes dizeres: Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola – JMPLA e assinado Viriato da Cruz]
Comunicado do grupo de Viriato da Cruz em nome da JMPLA «Uma fase actual do nacionalismo angolano» (Léopoldville)