Documento do MPLA sobre a FNLA

Cota
0083.000.023
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2

MOVIMENTO   POPUPAR   DE   LIBERTAÇÃO   DE   ANGOLA
B.P.2353      TEL. 49 15
B R A Z Z A V I L L E

A  FNLA,UMA  FALSA  FRENTE  ONDE  QUEM  DICIDE  É  UM  FANTOCHE

Neste quinto ano de luta de libertação nacional em Angola é ainda o MPLA o movimento que, pela dinâmica que soube imprimir a sua actividade militar e política na luta contra o colonialismo português, aquele que se situa na vanguarda do Nacionalismo angolano.

Ninguém ignora e também ninguém pode contestar que é o MPLA o único movimento angolano que hoje dirige uma luta bem organizada em Angola, aquele que sempre lutou pela unificação das forças nacionalistas do pais e aquele que se tem esforçado por dar aos angolanos uma consciência nacional cada vez mais firme e uma determinação inabalável de lutar até à vitória final do povo angolano.

Apesar da propaganda de intrigas tendente a denegrir o MPLA desenvolvida tanto pelos colonialistas portugueses, tanto por aqueles que têm a ambição de serem os únicos representantes do Povo angolano, o MPLA continua apesar de tudo a ser a expressão da vontade do nosso Povo e os seus princípios continuam a ser os únicos que encontram o apoio dos angolanos e da opinião mundial.

Falando de alguns partidos e especialmente do partido de Holden Roberto, o jornal de Léopoldville “Le Courrier d´Afrique” do dia 14 de Abril de 1966, reconheceu que o erro cometido por muitos países africanos ao tentarem sustentar o “grae” de Holden Roberto como única organização representando o Povo angolano.

Ainda que este mito de que se quis servir chefe do “grae” não teve tempo de existir, convém salientar as opiniões expressas no jornal “Le Courrier d´Afrique”.

O jornal que considera o “grae” como inactivo, denunciou no seu artigo de 14 de Abril a respeito da Revolução o seguinte:

“Os responsáveis da FNLA de Holden Roberto reuniram-se em Conselho Nacional em 28 de Abril de 1695 não só para adoptar os seus organismos de uma constituição mas também para um ajustamento de contas no interior do chamado “grae”.

Este Conselho Nacional resolveu criar uma comissão para estudar as possibilidades de um Congresso reunindo todas as forças nacionalistas angolanas, para, segundo o jornal de Léopoldville, dar à FNLA uma representatividade nacional.

Porém Holden habituado a conduzir a Revolução para a anarquia, preferiu voltar à fórmula de partidos, isto é, contrariou esta decisão do dito Conselho Nacional e, para afastar os adeptos da unidade que cercavam (membros da PDA na sua maioria), resolveu trabalhar só na sua UPA.

Mediante esta situação, o PDA que se diz estar na base da criação da FNLA, manifestou energicamente um descontentamento, escrevendo para Holden e as cópias de cujas cartas foram dirigidas ao governo congolês.

Actualmente a UPA e o PDA trabalham separadamente e Holden tem apenas relações ocasionais com alguns indivíduos do PDA favoráveis às suas retrogradas posições”.

Em conclusão, o Courrier d´Afrique diz: “Em consideração do que foi dito acima, todos concordarão connosco que quem trabalha contra a unificação das forças nacionalistas trabalha sistematicamente contra a libertação do Povo”.

Esta é a política de uma frente “de portas abertas” onde quem faz leis e quem decide é um líder intransigente nas suas posições retrogradas e não a própria frente.

Este é o resultado de uma frente em que as organizações participantes não discutem em pé de igualdade os moldes a que deve obedecer a criação da mesma.
Holden, o líder dos inimigos da Unidade, é o mesmo que agora acusa o MPLA de ser organização comunista fazendo eco das afirmações histéricas dos colonialistas portugueses. Ao certo as preocupações da tal «líder» que sabe que o MPLA não é um movimento comunista, não visam salvar o Povo angolano do comunismo mas sim lançar o Povo angolano na anarquia e perpetuar a divisão das forças nacionalistas retardando assim a libertação do país.

O Povo angolano só há de conseguir a sua Independência quando estiver bem organizado e quando concentrar as suas forças em torno de uma organização que seja realmente a união de todos os patriotas de Angola, organização não dependente da vontade de um líder ofuscado pela ambição de mando.

Seja qual for a intransigência dos inimigos da Unidade, seja qual for a histeria dos colonialistas portugueses e dos traidores angolanos, o nosso Povo há de organizar-se devidamente e vencer. O nosso Povo saberá pôr à sombra os angolanos que impedem o desenvolvimento da sua luta de libertação. Quando o Povo angolano tiver conseguido a vitória, estará também vitorioso o MPLA seu Movimento de vanguarda que lhe indica o caminho certo a seguir na luta contra o colonialismo, o imperialismo e o neocolonialismo.

Vitória ou Morte!

Brazzaville
18 de Abril de 1966.  
*[Carimbado Departamento de Informação - MPLA].

 

«A FNLA, uma falsa frente onde quem decide é um líder fantoche», documento do MPLA (Brazzaville).

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