Comunicado do Comité Director do MPLA sobre a abertura da Frente Sul

Cota
0084.000.016
Tipologia
Documento militar
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2

«Papel Timbrado: “M.P.L.A. - BRAZZAVILLE»

ABERTURA DE UMA FRENTE DE COMBATE NO SUL DE ANGOLA PELAS FORÇAS ARMADAS DO MPLA

Prosseguindo seguramente no cumprimento do seu programa de acção no qual o desenvolvimento da luta armada em todo o território angolano ocupa actualmente o primeiro lugar, o MPLA abriu uma frente de combate no Sul de Angola, onde as operações das nossas forças armadas puseram já em pânico a soldadesca colonialista portuguesa que nessa região se arrisca a cometer os crimes já conhecidos de bombardear as populações indefesas.
A abertura da nova frente de combate pelas suas forças armadas, abre para o MPLA e para o Povo angolano perspectivas de enorme alcance na sua luta pela Independência completa de Angola. Não restam dúvidas que, ao mesmo tempo que o facto se traduz numa vitória retumbante dos combatentes angolanos e do MPLA, ele significa o começo de dificuldades mais sérias para o exército e para a economia dos colonialistas no território angolano.
Com efeito, é no espírito determinado a libertar do jugo colonial de há quinhentos anos os patriotas angolanos que os combatentes do MPLA, depois de reunidas todas as condições que o facto requeria, abriram a FRENTE DO SUL, cujo primeiro comunicado de guerra reproduzimos a seguir:

«COMUNICADO DE GUERRA

Durante os últimos meses e as últimas semanas um número considerável de patriotas aderiu as fileiras das forças armadas revolucionárias do MPLA. Entre eles contam-se muitos soldados angolanos que desertaram do exército colonialista português e muitos jovens a maioria dos quais originários do Centro e do Sul do País.
Exasperados pela intensa actividade política que reina nas regiões ultimamente abertas para a acção revolucionária armada, os colonialistas portugueses procedem a prisões em massa e tomam medidas de repressão extremamente brutais contra a população.
Com a abertura da FRENTE DO SUL pelas forças armadas revolucionárias do MPLA, uma grande ponte que ligava a estrada militar do Luso ao Centro do País foi completamente destruída pelos nossos grupos de sabotagem.
Não longe de Luso, cidade situada a 300 quilómetros da fronteira angolano-zambiana, os nossos comandos armaram uma emboscada a um comboio militar português. Dezassete (17) soldados inimigos foram mortos nessa operação.
Em represália a aviação colonialista procede actualmente a um intenso bombardeamento das aldeias nas vizinhanças de Luso assim como das aldeias fronteiriças, obrigando deste modo as populações a refugiarem-se nas zonas onde actuam as forças armadas revolucionárias.
Mais de 500 angolanos, entre os quais mulheres, crianças e velhos acabam de atravessar a fronteira e encontraram refúgio na República da Zâmbia.
As nossas forças revolucionárias prosseguem com dedicação as missões que lhes foram confiadas tendo em vista alargar e consolidar a Frente de luta aberta recentemente.

NÓS VENCEREMOS!
VITÓRIA OU MORTE!

PELO COMANDO DA 3ª REGIÃO

AGOSTINHO NETO
Presidente do MPLA

Lusaka, Junho de 1966»
*[carimbado: «COMITÉ DIRECTOR - M.P.L.A.»]

Feito em Brazzaville aos 
16 de Junho de 1966 

O COMITÉ DIRECTOR DO MPLA

Comunicado do Comité Director do MPLA em Brazzaville, reproduzindo o Comunicado de Guerra do Comando da 3ª Região do MPLA sobre «Abertura de uma frente de combate no sul de Angola».

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