Texto de Angola Combatente «Insensível à marcha da Humanidade,…»

Cota
0092.000.016
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA «Angola Combatente»
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
3
*[Manuscrito: 16/4/67]
Insensível à marcha da Humanidade, o governo colonialista de Salazar continua a empregar as suas forças para fazer com que a roda da História ande para trás. Ainda há bem pouco as autoridades colonialistas de Angola pretenderam dar um grande relevo à morte de um agente da PIDE, e aproveitaram a ocasião para apresentarem a PIDE como a instituição portuguesa que mais merece o respeito do povo português. Por outro lado, no dia 13 de Abril, a propaganda portuguesa não se cansou de lembrar que nessa mesma data, em 1961, o sinistro Salazar dera ordens para que as tropas expedicionárias portuguesas partissem para Angola, para tentarem matar no ôvo, aquilo que eles pensavam ser uma tentativa de sublevação do Povo angolano.
De um lado está-se a tentar reabilitar a mais peçonhenta das instituições de repressão do governo colonial fascista português. Quantos e quantos milhares de angolanos não foram vítimas das masmorras e das torturas dessa PIDE de má morte? Quantos e quantos angolanos a quem os sinistros carros da PIDE iam procurar de madrugada nunca mais voltaram a ser vistos pelos pais, ou pelos seus irmãos? Quem pode esquecer as dezenas de patriotas angolanos que a PIDE embarcava em aviões e lançava no alto mar?
Mas não é só o povo angolano quem tem mil razões para odiar a PIDE. Todos os patriotas das colónias portugueses viram familiares ou camaradas seus a sofrerem suplícios inimagináveis nas mãos desses agentes do terror. Mas não somos só nós, os patriotas angolanos, moçambicanos, guineenses, macaenses ou timorenses que temos motivos para odiar a PIDE. O próprio povo português vive aterrorizado sob o peso da polícia política portuguesa que herdou da Gestapo de Hitler métodos refinados de tortura e de opressão. Em todos os sectores da vida pública portuguesa reina a desconfiança permanente. Ninguém tem confiança em ninguém. Os problemas políticos mais insignificantes não são discutidos em público porque a PIDE lá está para prender quem ouse criticar o regime, para denunciar, para lançar a discórdia. O povo português vive também sufocado e o regime continua a traçar a seu bel-prazer, ao bel-prazer dos grandes monopólios portugueses e não portugueses, os destinos da nação. No próprio exército colonialista, agentes da PIDE são incorporados para detectar os militares progressistas que são incorporados para detectar os militares progressistas que são contra a guerra colonial, que são contra o governo de Salazar, que são por um regime democrático. Sobre a PIDE cai o ódio, o desprezo de toda agente. Quantos funcionários da PIDE confessam aos prisioneiros políticos a vergonha que sentem em pertencer a tal instituição? É para os safar dessa vergonha, o São José Lopes e os seus *tröes lançam a sua ofensiva de *[ilegível] de papalvos. E em todo esse carnaval participa essa organização cancerosa que é o chamado movimento nacional feminino. Essas damas que não sabem onde ocupar o seu tempo, inventam mil e um pretextos para as reuniões mundanas, os “pôr do sol”, os chás-canasta, a fingirem que estão muito preocupadas com o sangue que esta guerra faz correr. E lá estavam elas presentes, com as suas lágrimas de crocodilo, os seus véus rendilhados, e os seus ultra- chiques vestidos pretos, a dar ambiente à festas funeral do tá agente da PIDE. Mas a toda da História não parou. A PIDE continuou a ser para todo o mundo o objecto vil que todos odeiam. E o São José Lopes lá continuará à procura de um bocadinho de consideração que lhe é emprestada condescendentemente pelos tubarões que em Luanda exibem a riqueza roubada na nossa terra.
Mas a roda da História também não pára, quando a propaganda portuguesa quer comemorar uma data sinistra, esse 13 de Abril em que o governo Salazar mandou soldados para assassinarem os patriotas angolanos. Aliás a propaganda portuguesa esqueceu que dois anos antes, em Abril de 1959, já o governo colonialista tinha dado um passo muito grande em direção à guerra. A propaganda colonialistas não se lembrou de comemorar a data em que o governo colonialista de Portugal enviou os seus aviões e os seus paraquedistas e as suas bombas napalm fazer demonstrações em todas as cidades de Angola, como uma ameaça ao nosso Povo que, com o MPLA à frente, já se movimentava para reivindicar a independência imediata. Essa demonstração de força só serviu afinal para confirmar as previsões do MPLA de que o inimigo não hesitaria em responder com a violência às legítimas aspirações do nosso povo. Foi por isso que o MPLA indicou ao povo o caminho da luta armada. Foi essa a nossa resposta às provocações guerreiras do inimigo.
Mas a roda não anda para trás… Os exemplos não faltam na história para demonstrar ao governo português e ao povo português que o povo de Angola será livre, que as nossas armas liquidarão a opressão colonial. Se a instalação da força aérea portuguesa em Angola não conseguiu impedir que os patriotas angolanos se levantassem para a luta de libertação nacional, nem a PIDE, nem o exército colonialista impedirão que o nosso Povo viva livre e construa a sua felicidade.

A VITORIA É CERTA!


CELEBROU-SE ONTEM, DIA 15 de ABRIL, o DIA DE ÁFRICA, instituído pela organização da Unidade Africana.
Todas as forças internacionais amantes da paz e da liberdade dos povos organizaram meetings de solidariedade para com os povos africanos ainda em luta contra o colonialismo, o neo-colonialismo e o imperialismo.

Texto do programa radifónico do MPLA Angola Combatente «Insensível à marcha da Humanidade, o governo colonialista de Salazar continua a empregar as suas forças para fazer...» (Brazzaville).

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