Relatório da delegação da JMPLA à Conferência

Cota
0093.000.017
Tipologia
Relatório
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel Comum
Autor
João Garcia Bires
Data
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
3
RELATÓRIO DA DELEGAÇÃO DA JMPLA A CONFERÊNCIA DE SOLIDARIEDADE COM AS COLÓNIAS PORTUGUESAS, REUNIDA EM CONAKRY DE 23 a 27DE ABRIL DE 1967.- Finalmente no dia 20 de Abril cheguei em Conakry, onde até esse dia só se encontravam as delegações da França, Argélia e alguns membros da FMJD. Dia 21, chegam a maioria dos delegados a Conferência de Solidariedade, e entre elas a delegação do Vietnam do Sul vinda de Hanói. A pedido da Embaixada, todos delegados presentes foram ao aeroporto. Dia 22, chegam finalmente todos os convidados, com excepção de: Portugal, Itália, Índia, Coreia, China, Palestina, Polónia, Bélgica, Somália, Sudão, São Tomé e Príncipe e Congo-B/ville Os trabalhos da Conferência iniciam as 9 horas do dia 23 de Abril com meetings em Conakry I e II. No primeiro participa o PAIGC e no segundo a FRELIMO. Porque foi assim? Depois de uma pequena reunião entre nós no quando da CONCP, cedi lugar a FRELIMO, porque quase não se fala de Moçambique e era oportuno o seu delegado fazer uma exposição da luta naquela colónia irmã. PAIGC, porque na altura o HOROYA publicava artigos sobre a luta na Guinée, após visita de um dos colaboradores a zonas libertadas e tinha que se dar um esclarecimento mais detalhado em alguns problemas. Mas o nome d’Angola-MPLA, foi evocado nas dois meetings. Depois dos meetings, uma marcha foi organizada a caminho do Palácio Presidencial em sinal de protesto a repressão colonial nas colónias e a solidariedade activa com os combatentes das mesmas, assim como prestavam contra o neo-colonialismo e imperialismo. Chegamos então ao palácio, onde a equipe governamental nos esperava e nos representantes da juventude das colónias portuguesas fomos recebidos “como os mais dignos do continente” e então o Presidente do lugar faz uma alocução: “Au delá des divisions de l’Afrique adulte, la Jeunesse africaine doit rechercher son unité organique, économique, culturelle et sociale du continent…” Depois da alocução do presidente, o Secretário Geral da Federação, lê a apelo a Juv. Mundial, que foi redigido com a nossa colaboração. Finalmente chega ao fim e um copo d’água e dado pelo Presidente e alguns membros do Governo. Durante o copo d’água falei com o Sekulu do lugar acerca da nossa carta e dizer-me das démarches feitas pelo seu governo caso tivesse a carta. “O tambor suou bem… mas o resultado? Em suma nada feito. No entanto encarregou o affaire ao seu Secretário de Informação, que infelizmente saia um dia depois e nada se fez nesse sentido. 24 de Abril - Abertura da Conferência pelo um dos membros do BP do PDG seguindo-se a mensagem do camarada Neto que foi aplaudido. E de notar que foi a primeira mensagem recebida e dois dias depois chegavam telegramas do presidente do Congo, Somália e de algumas organizações internacionais. No entanto no mesmo dia interveio: Angola, Guiné dita portuguesa, Moçambique, CONCP e outras organizações presentes. E de notar, que antes dos trabalhos, dedicou-se 1 minuto de silêncio. Somente no dia 25 acabaram as intervenções. Ao todo estiveram presentes 24 Organizações jovens e 7 internacionais. Chega então o momento de apresentar a resolução final da Conferência. NOJO! - A FMJD, trazer “um projecto da resolução” inspirado nos grandes cafés de Budapest ou Moscovo. Não dava brilho a lutas que se trava, e se dava, numa margem semi-irreal e subestimação. Nosso ponto de vista, aliás, já prevíamos, no quadro da CONCP, fazíamos o projecto, depois de termos garantido os camaradas Cubanos e Vietnamitas da Argélia, Cuba, Guiné e Vietnam, e como queríamos dar conhecer ao mundo a nossa inteira solidariedade às outras lutas que se desenrolam na América Latina e Ásia, pedimos os camaradas Cubanos e Vietnamitas para que fizessem o projecto dos seus continentes, além da moção especial feita ao Vietnam. Pensamos assim, porque somos membros da celebre TRICONTINENTAL, e para mostrarmos a nossa inteira solidariedade de militante e ajuda a estes povos que, como os das colónias portuguesas se batem para a libertação dos seus países. Ora a resolução da Federação só fazia eco a luta do Vietnam e Sá Domingos. RIEN PLUS! Em vão foi insistência da Federação e corredores feitos junto das organizações “mães” para a manutenção do projecto da resolução. Batemo-nos precisamente 7 horas (das 20horas às 04horas). Finalmente o nosso projecto foi aceite, notando-se muitas reservas juntos de algumas organizações membros da federação, o que levou a maioria a fazer uma declaração das suas posições e a própria Federação, como não deixava de ser- para evitar conflitos…- Porque insistimos? PRIMO: - A conferência foi dedicada á nós, e seria traição por nossa parte, se seguíssemos o parecer de Budapest ou Moscovo. SEGUNDO: - Ela teve lugar precisamente quando as forças reacionárias recorrem as mais bárbaras agressões contra a vontade dos povos oprimidos desejosos de se libertarem e em contrapartida o Movimento de libertação ganha terreno em todos os continentes e seguindo assim fielmente os princípios de Bandoeng e TRICONTINENTAL. Durante a Conferência, tive contactos com certas organizações jovens africanas e europeias. A União dos Jovens Comunistas de Cuba, pedem ao CD, a permissão de uma visita aos nossos maquis em Julho ou Agosto próximo, estando no entanto à espera da resposta. O camarada que for a Braga participar no Congresso da CSM, deverá dar um salto a Budapest para resolver alguns problemas que ficaram suspensos quando da Conferência, porque faltou-nos tempo suficiente. Para a libertação dos camaradas nossos presos pela grae, fiz os possíveis e a maioria das delegações prometeram que fariam qualquer coisa depois de consultarem os seus. No entanto a Conferência enviou um telegrama ao Mobutu e cartas serão enviadas a partir do Secretariado do Comité de Solidariedade com as colónias portuguesas que terá o seu Bureau em Alger sendo a própria Argélia presidente, sendo membros do mesmo: Cuba, China, UIE, FMJD, Komsomol, Tchecoslovaquie, Guiné, Senegal, Mali, Tanzânia, RDA à OUA, Mobutu e Gov. Afr. Uma proposta foi-nos posta da parte da Federação para uma visita aos nossos maquis, mas não está preciso, só quando da visita do camarada a Budapeste se resolverá. *[Manuscrito: «Foi-nos posta pela Komsomol o envio de dois médicos. Ficou em banco porque devo ouvir primeiramente o CD.»] PELA DELEGAÇÃO A CONFERÊNCIA, *[Assinado:] J. Garcia BIRES.- Brazzaville, le 15 mai 1967.-
Conferência de solidariedade com as colónias portuguesas (23 a 27 Abr. 1967) - Relatório da delegação da JMPLA, assinado por Garcia Bires
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