Instruções do Comité Director do MPLA para a 1ª Região

INTRUÇÕES PARA A I REGIÃO

NO PLANO POLÍTICO

O reforço dos núcleos de resistência da I R justifica que se procure lançar as bases do poder revolucionário. Assim a I R deve funcionar no interior com uma Comissão Directiva, cujo coordenador deve por enquanto ser rotativo. Os membros do Comité director são membros de direito dessa Comissão Directiva. Os Comités de Acção dos sectores em funcionamento (como Dembos, Caxito e Ambriz) devem eleger 2 camaradas para membros suplentes da Comissão directiva, que trabalharão conjuntamente com os membros do Comité Director presentes, com os mesmos direitos e deveres.

A Comissão Directiva é naturalmente responsável de todos os problemas político-militares da Região. Os camaradas que compõem a Comissão Directiva devem estar frequentemente juntos. Como se disse, o coordenador deve por enquanto ser rotativo e o seu período de responsabilidade deve ser de 3 meses. O cam. Kavunga deve ser o primeiro a assumir as funções de coordenador, seguindo-se-lhe o cam. Monstro Im., depois o cam. Q., e depois os dois camaradas que foram eleitos (3 meses cada um).

A Comissão directiva deve estruturar e organizar toda a vida nas zonas livres: assim, deve criar:
a) SERVIÇO DAS POPULAÇÕES (controle das sanzalas, recenseamento, correio, segurança, secretariado, registo de nascimento, casamentos, óbitos, etc)
b) SECÇÃO DE JUSTIÇA
c) SERVIÇO ESCOLAR (alfabetização de adultos, escolas primárias e instruções político-militar).
d) SERVIÇO DE SAÚDE
e) SERVIÇOS DE ECONOMIA- Produção agrícola, culturas individuais e colectivas, produção artesanal e eventualmente administração financeira.
f) SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO E PROPAGANDA- difusão dos programas de rádio e notícias importantes, serviços de escuta, preparação de reuniões políticas com as massas, etc.

A Comissão Directiva é quem nomeia e destitui os responsáveis militares da Região, devendo procurar ajustar a colocação desses responsáveis às necessidades da luta em cada sector.

O Comando Militar da Região deve trabalhar sob o controle da Comissão Directiva de que depende.

Para os assuntos políticos específicos da Região é eleito o Comité de Acção Regional que colabora com a Comissão Directiva nas questões das populações, da economia e da informação e propaganda.. O Comité de Acção regional é composto de 3 a 5 membros eleitos pelos comités de acção dos sectores. É o órgão intermediário entre a Comissão Directiva e as populações dos diferentes sectores ou zonas.

NO PLANO MILITAR

Ter em mente os três problemas fundamentais seguintes:
1- Luta contra o tuga
2- Liquidação de núcleos contra-revolucionários
3- Reabastecimento

1. LUTA CONTRA OS TUGAS
a) necessário organizar as pessoas que estão na “paz”, desenvolvendo os contactos já feitos, evitando as operações militares nossas sanzalas para não levantar suspeitas; estudar a possibilidade e tentar infiltrar alguém nosso fingindo que se entrega, para nos dar informações. Procurar que esses irmãos forneçam dados sobre as tropas inimigas (quantidade e movimentação), campos de aviação, radares, aviões, barcos de guerra, quarteis inimigos e sua força, etc.
b) Fixar como objectivos fundamentais a atingir
- Linha do caminho de Ferro de Malange
- uma zona favorável na costa
- sabotagem económica (a estrada do café que continua a ser a maior riqueza dos colonos, certas pontes e eventualmente certas indústrias, sem esquecer as plantações).

2- LIQUIDAÇÃO DA CONTRA-REVOLUÇÃO
- acabar com os núcleos do Loge (Antº Fernº e Panzo da Glória)
- formar destacamentos móveis para ocupar o rio e tentar progressivamente criar postos intermédios entre o Morige e Loge e entre o Loge e Namb.
- Acabar com o posto de Kicabo da Upa pois é o caminho da capital
- dar atenção às entradas no Congo, sobretudo perto de Kamuna.
3- REABASTECIMENTO
O reabastecimento a ombro é insuficiente para o desenvolvimento da luta. Fazer estudos que permitam, dentro em breve, outros processos de reabastecimento.

JUNHO 1967

O COMITÉ DIRECTOR