Relatório da Comissão Militar da 3ª Região

Cota
0095.000.011
Tipologia
Relatório
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel Comum
Autor
Comissão Militar da 3ª Região - MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
4
BALANÇO DE ACTIVIDADES DA III REGIÃO A PARTIR DA SEGUNDA QUINZENA DE ABRIL À PRIMEIRA QUINZENA DE JULHO DE 1967

1) – No dia 24 de Abril de 1967 pelas 16:00 horas UM PELOTÃO REFORÇADO de infantaria inimigo, guiado por dois angolanos traidores, avançou pela área de Luate numa operação dita de “limpeza”. Na falta doutros objectivos mais “substancias” os “heróis” fascistas cercaram com grande aparato, e seguindo todas as regras ditadas pelo “genial” estado-maior de Lisboa, uma pequena casa de capim isolada na floresta e habitada por um casal de idosos?.
Ao sair da casa a idosa angolana depara com os inimigos.
Rapidamente sem a mais leve hesitação, pega um machado e avança corajosamente, aproveitando do elemento surpresa para romper o cerco. Tão grande foi o sangue-frio que consegue ferir o soldado mais próximo, enquanto que os outros dois “heróis” aproveitavam a “oportunidade magnífica” para fugirem em debanda.
Porém os outros soldados colonialistas abrem fogo matando cobardemente a valente representante do Povo Angolano.
Neste instante sai também o marido de casa armado com uma lança, corre para o inimigo, mata um deles e consegue escapar-se apesar do intenso fogo do inimigo (adversário).
São feitos heroicos como este que dão a certeza inquebrável ao Povo Angolano de a VITORIA final e CERTA, por que nenhuma opressão se pode manter num país contra a vontade firme e decidida de todo um POVO.

2)- No dia 25 de Abril o mesmo pelotão Reforçado inimigo há 15 KMS de LUATE e posto em fuga pelos nossos guardas avançados que conseguem matar 8 feridos 1 soldado inimigo. De regresso ao Quartel a soldadesca colonial caminhava dividida em dois grupos. Eis que a esta altura o Grupo de RETAGUARDA cai numa emboscada dos valorosos Guerrilheiros do MPLA. Aterrorizado, o grupo da VANGUARDA, abre fogo as cegas contra os seus correlegionários de Retaguarda. E oferecido assim aos nossos guerrilheiros o espectaculo dum combate encarniçado entre as forças colonialistas que lhes custa a vida de 20 e ferimentos graves de 6 outros soldados colonialistas.

3)- Cinco dias mais tarde, em 30 de Abril, uma patrulha de RECONHECIMENTO do MPLA, na área do posto de MUIÉ, surpreendeu pelas 16:07 horas, 4 oficiais portugueses que se preparavam para se banhar no rio MUIÉ, após terem violentado animalescamente três jovens angolanos da aldeia vizinha. Os selvagens receberam instantaneamente o castigo que lhes mereciam: A MORTE.
Quatro pistolas belgas Parabellum de 9mm de calibre e 4PM de fabrico israelita UZI GAL contam entre o material apreendido.

4)- Das 08:00 às 08:10 do dia 5 de Maio as margens do rio Chikului, nas vizinhanças do Posto de Muié, são sujeitas a bombardeamentos pela aviação inimiga.
Trata-se de mais um acto de desespero da soldadesca colonial que absolutamente impotente na luta contra a guerrilha vitoriosa do MPLA, faz actuar a aviação em zonas totalmente despovoadas, sem qualquer reconhecimento prévio, alimentado infantilmente a esperança de que desta forma conseguirá intimidar as populações angolanas.

5)- Três dias antes, 2 de Maio uma patrulha das nossas Milícias Populares armadas de flechas e lanças montou uma emboscada a um contingente de 8 polícias na região de Kangombe, perto do rio Kembo, encabeçado pelo famigerado cobrador de impostos, o Chefe de Posto de MPIRI, pelas 14:27 horas.
Foram 2 polícias e 1 ferido ao mesmo tempo eram apreendidas 3 carabinas MAUSERS (Alemães) e respectivas munições?. O POVO Angolano utiliza todas as armas, desde as lanças e armadilhas tradicionais as mais modernas para varrer sempre com o opressor de solo pátrio.

6)- No dia 12 de Maio um subgrupo de guerrilheiros do MPLA do Destacamento VIET_ANGOLA atacou um camião UNIMOG que se dirigia ao rio Muié com uma SECÇÃO inimiga proveniente do Posto de Muié que se aí deslocava para acarretar água, tendo morto 3 e ferido 5 soldados colonialistas, incluindo a recuperação de 1 PM UZI 9m/m 2 carabinas G3 e as respectivas munições.

7)- No dia 13 de Maio é a vez das tropas colonial-facista do Posto de Mussuma receberam a sua cota-parte do castigo infligindo pelas forças do MPLA ao corpo expedicionário português.
Às 11:05 horas 3 viaturas (2 UNIMOG eljeep), partiam do referido posto para as matas ou florestas do rio Chalala, quando são atacadas pelo valoroso Grupo de guerrilheiros MATA-SETE E “21” inimigos são fora do combate e 2 das viaturas completamente danificadas.

8)- Por volta da 16:27 horas do mesmo dia, dois pelotões de soldados colonialistas portugueses em missão de socorro a unidade anteriormente flagelada pelas nossas forças, ainda provenientes do Posto de Mussuma, viajando em 8 viaturas alemãs MERCEDES e UNIMOG caem numa emboscada montada por um outro grupo Guerrilheiro do MPLA. AS perdas das tropas fascistas estão a altura do seu crime: 59 estrangeiros são postos fora do combate.
Apesar da intervenção inimiga as nossas forças conseguem sair ilesas de combate.

9)- Tal como nos primeiros anos da guerra do VIETNAM, o exército português de ocupação tenta agrupar as populações angolanas em “aldeias estratégicas” numa tentativa para separar o guerrilheiro do seu elemento natural o POVO. Porém como os colonialistas portugueses são incapazes de compreender as lições de História, estão cometendo os mesmos erros que os seus patrões norte-americanos. Com efeito, também em Angola a polícia de “aldeias estratégicas” está votada a um fracasso total.
Às cinco (0:45 horas) do dia 27 de Maio os facínoras que constituem um Pelotão do Invasor, cercada as florestas de Kamanga o objectivo de prenderem os Angolanos que aí se tinham refugiado e levá-los para a vizinhança do quartel. Vendo que a população TENTAVA-SE escapar, as bestas fascistas não hesitam em empregar morteiros, Lança-Granadas e metralhadoras contra a população indefesa, matando e ferindo muitas pessoas.
Mas o castigo do MPLA não se fez esperar. Quando de regresso ao quartel, já com ¾ da população aprisionada, o Pelotão inimigo caiu numa emboscada armada pelo Grupo MATA-SETE. Em 3 minutos de combate são postos 14 e feridos 4, enquanto que os restantes fogem em debanda abandonando as suas presas mortos e material de guerra.
O tão alardeado “heroísmo” dos soldados de Salazar só se manifesta de encontro às pessoas indefesas.

10)- Pelas 09:25 horas do dia 30 de Maio uma patrulha guerrilheira do MPLA ataca um acampamento inimigo que reconstruia uma ponte sobre o rio Mulai anteriormente sabotada pelas forças do MPLA. Os bandidos sofreram pesadas baixas e foram obrigados a interromper os trabalhos por vários dias.

11)- Dois Pelotões do exército de intervenção estrangeira viajando em 6 viaturas (2 TG de marca MERCEDES, 2 jeeps e 2 jipões de reconhecimento) caíram no dia 31 de Maio pelas 16:09 horas numa emboscada montada pelas forças guerrilheiras do MPLA. A entrada em acção da aviação inimiga nem que fossem destruídas 2 viaturas TG de marca Mercedes.

12)- Uma companhia do exército português, composto por elementos dos quarteis de LOVUA e de Kalunda, conduzida pelo traidor FUNGA MUANGA CHINYAMA, chefe tribal adjunto da aldeia de NGANDA, tentou cercar uma coluna guerrilheira no dia de Junho pelas 05:09 horas numa área ao Norte de LOVUA não longe do rio LUA.
A reacção pronta das nossas forças provocou a morte de 10 soldados estrangeiros e alguns feridos. Do nosso lado temos a lamentar a perda de um camarada.

13)- Pelas 05:30 horas do dia 6 de Junho uma patrulha guerrilheira do MPLA surpreendeu a 50 metros do Posto de NINDA 19 soldados colonialistas que se dirigiam ao rio Ninda.
Foram mortos 16 e feridos 3 soldados inimigos recuperou-se o seguinte material:
10 Carabinas alemãs MAUSER, 7,92m/m
2 Carabinas americanas G3
6 Fal belgas
1 Breda, 7,92m/m.
O inimigo como represália “corajosa”, do quartel lançou durante 4 horas seguintes obuses de morteiros.

14)- Um Pelotão inimigo proveniente de LUKOLWE caiu em 16 de Junho as 16:26 H. numa emboscada formada pelas forças guerrilheiras do MPLA do Destacamento VIET-ANGOLA, na margem esquerda do rio Cuando. Após 4 minutos de combate os soldados estrangeiros acusaram a baixa de 13 dos seus elementos. O inimigo deixou no terreno carregadores contendo 120 munições de PM/STEYER, 2 granadas ofensivas e 1 cinto militar.

15)- No dia 22 de Junho às 13:05 horas uma patrulha guerrilheira do MPLA, na região situada entre Chilombo e Lunachi, perto do rio Kachivi, armou uma emboscada a uma coluna inimiga constituída por dois Pelotões distribuídos em 5 jeeps de grande tamanho (Jipões) tendo aniquilado 41 dos seus ocupantes. A operação durou 5 minutos e permitiu-nos a recuperação de seguinte material de guerra:
1 Morteiro 60m/m e 20 obuses; 5 FAL com 120 munições cada, 10 granadas ofensivas; 12 panos de tendas; 5 fardas de camuflagem e documentos confidenciais.

16)- Uma coluna inimiga de 6 viaturas (jipões UNIMOG) proveniente do quartel de CHISAMBULA. Em socorro do secretário do Posto Administractivo de Luacano, este corrido pelos guerrilheiros do MPLA quando vinha cobrar impostos as populações angolanas da aldeia de UGANDA, caiu numa emboscada dos guerrilheiros do MPLA. Deste contingente mercenários 50 foram liquidados e 20 feridos. Recuperou-se diverso material do inimigo inclusive documentação secreta (confidencial).
Os membros guerrilheiros durante o combate abateram um bombardeiro DC4 que tentava proteger os “heróis” soldados colonialistas portugueses que se encontravam na “zona de morte das nossas forças”? Eis o balanço da acção.
50 soldados colonialistas mortos
20 soldados colonialistas feridos
1 bombardeiro DC4 abatido.
Diversas armas, granadas ofensivas e documentos confidenciais recuperados.
Ocorreu-se esta missão em 24 de Junho, pelas 11:34 horas.

17)- No dia 1/7 guerrilheiros do MPLA do destacamento VIET-ANGOLA destruíram totalmente pelas 09:10 horas, povoação de MUNGURI, na área do soba Kanjonja 1 Barco a motor a motor que navegava no rio Cuando, cheio de tropas colonialistas 3 Pelotões provenientes do Posto de CHIUME para o Lollwe, causando pesadas baixas ao inimigo. Um guerrilheiro ficou ligeiramente ferido durante o combate.

18)- No dia 2 de Julho Guerrilheiros do MPLA puseram em debanda soldados colonialistas que a força guardavam a área de exploração florestal próxima do rio Luando da estrada CHAFINDA e LUKUSSE. Depois de se retirar o estrito de percas necessárias para a fabricação doutros meios de defesa contra os facínoras portugueses incendiou-se os restos do trator. A tropa em debandada abandonou no terreno 3 carabinas MAUSERS com as respectivas munições e 4 granadas ofensivas.

19)- No dia 11 de Julho Milícias Populares do MPLA em de patrulha ao sul de Lukusse, abateram um bombardeiro DC4 que mergulhou no rio Lungwe Vungo do Posto de Lumai, apos haver tentativa desesperada de bombardeamentos, 4 bombas e 3 granadas ofensivas foram lançadas; uma destas granadas foi recuperada.
As Milícias Populares saíram sã e salvas.

15 de Julho de 1967

PELA COMISSÃO MILITAR NA III REGIÃO

Balanço de actividades da 3ª Região a partir da segunda quinzena de Abril à primeira quinzena de Julho de 1967, da Comissão militar.

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