Carta do CEA ao Comité Director do MPLA

Cota
0098.000.040
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel Comum
Remetente
CEA - Centro de Estudos Angolanos
Destinatário
Comité Director do MPLA
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
«Papel timbrado: CENTRO DE ESTUDOS ANGOLANOS – ALGER»

Alger, 20 de Dezembro de 1967 (ANO DA GENERALIZAÇÃO DA LUTA ARMADA EM ANGOLA)

D/87/67

C.D do M.P.L.A.
Brazzaville – Dar-es-Salaam

Caros Camaradas
Respondemos às vossas cartas de 6 e 15 de Dezembro (Brazza) e de 7 de Dezembro (Dar-es-Salaam).
INDICAÇÕES SOBRE O TRABALHO A REALIZARMOS NO FUTURO – é inteiramente possível que um de nós se desloque a um dos países da Europa para se encontrar com o camarada Presidente e receber directivas para o trabalho a realizar pelo Centro, no futuro. Para isso é necessário que a Representação de Argel consiga o título de viagem para o país que for indicado; título em nome do camarada que for indicado ou que escolhermos para aí se deslocar. Portanto, se os camaradas nos indicarem o país e data provável do encontro e derem instruções à Delegação, poderemos resolver facilmente esse problema.
MANUAL DE ALFABETIZAÇÃO – gostaríamos que os camaradas nos dissessem se vale a pena continuar a procurar solução de impressão aqui para o dito manual ou se devemos aguardar o resultado das vossas diligências.
EXPEDIÇÃO DAS NOSSAS PUBLICAÇÕES – na nossa última carta pedíamos que nos informassem se chegaram, e em que data, os 50 cadernos revolucionários nº 3 tínhamos por barco em 26 de Outubro. Para nós, é importante tal pormenor porque, como explicamos anteriormente, passamos a enviar as nossas publicações por barco, no caso de eles não demorarem muito a chegarem ao destino. Assim, dispenderemos a oitava parte do que gastamos actualmente em frete de correio. Agradecemos, pois, a vossa resposta.
PEDIDO DO PROF. SOLODOVNIKOV – nós conhecemos pessoalmente este professor, com quem tivemos uma conversa aqui no Centro, em Fevereiro de 1965. Ele prometeu-nos, na ocasião, enviar publicações. Levou publicações do Centro e nós enviamos, depois, novas publicações para o instituto de África, do qual ele passou a ser director mais tarde. No fim de 1966 (ainda cá estava o Jorgelino) enviamos uma carta ao Instituto de África lembrando-lhes que lhes tínhamos enviado publicações, perguntando se eles, afinal, estavam ou não interessados em permuta de publicações e dizendo-lhes que nós estávamos interessados em todas as publicações em inglês, francês e espanhol sobre a África e tínhamos interesse em recebê-las. Até à data, nenhuma resposta. Vemos que, agora, o professor director do Instituto esta desejoso de receber as nossas publicações, pois escreveu ao Movimento solicitando-as. Vamos de novo escrever-lhe e enviar as que tivermos disponíveis (a maior parte da coleção já não existe) e lembrar-lhe que os que faltam talvez ele as possa encontrar no Instituto para onde as mandamos.
PEDIDOS DE PUBLICAÇÕES VINDOS DO ESTRANGEIRO – por várias vezes nos chegam pedidos de publicações de personalidades de diversos países. A alguns pedidos não damos resposta, a outros respondemos e sobre outros hesitamos.
J. Marcum insistiu por duas vezes que mandássemos publicações sobretudo a História. Não as obteve. Parece que vai publicar um livro sobre o nacionalismo angolano, segundo nos informou o professor Pelissier, com quem encetamos recentemente correspondência. Havia correspondência com os profs. Chilcote e Wallerstein, dos Estados Unidos, que interrompemos; estes tentaram retomar o contacto. Como já vos dissemos uma vez, receamos os contactos com aquelas bandas, sobretudo depois de o prof. Wallerstein ter-nos escrito a dizer para contactarmos dois dirigentes da African Institute (instituto que era subsidiado pela CIA, como se soube mais tarde) que passaram em Argel. O prof. Chilcote publicou muito recentemente ou vai publicar um livro sobre Angola. Ultimamente recebemos a carta do prof. Douglas L. Wheeler dos Estados Unidos, escrita em português, pedindo a história de Angola e dizendo que esta fazendo um livro sobre Angola. Não sabemos se devemos responder-lhes ou não. Há quem diga que isso possibilita a aquisição livros sobre Angola la publicados nos Estados Unidos, mas até à data eles só pedem e nada enviam. Além disso, a História, devido à sua primeira parte, altamente politizante, não é a publicação mais recomendável a enviar.
OS SUCESSOS ARMADOS DO M.P.L.A. – ao termos lido notícias nos jornais sobre a tomada do campo militar do Lumbala, enviamo-vos uma carta de saudações pelo extraordinário sucesso. Nessa carta (D/84/67 de 29 de Novembro) pedíamos pormenores sobre a referida acção para podermos compreender melhor as notícias e explicar aos amigos a grande vitória. Como nada nos foi respondido até agora, pensamos que na realidade, as agências deformaram algum comunicado. Agradecíamos uma indicação sobre este assunto, se for possível.
Caros Camarada, enviamos os nossos votos de novos sucessos na direcção da luta de Libertação Nacional, no ano de 1968 que se avizinha.
Recebemos as nossas fraternais SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS

Pela Direcção

Carta do Centro de Estudos Angolanos em Argel (D/87/67) ao Comité Director do MPLA (Brazzaville e Dar-es-Salaam).

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