Mensagem do CD do MPLA ao povo trabalhador de Angola

Cota
0103.000.058
Tipologia
Declaração
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel Comum
Autor
Angola Combatente
Data
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
2
Lido em “ANGOLA COMBATENTE” MENSAGEM DO COMITÉ DIRECTOR DO MPLA AO POVO TRABALHADOR DE ANGOLA POR OCASIÃO DO PRIMEIRO DE MAIO DE 1968. POVO TRABALHADOR DE ANGOLA! A opressão colonial fascista de Portugal impediu sempre que no nosso País os trabalhadores pudessem celebrar a FESTA INTERNACIONAL DO TRABALHO, festa que é celebrada em todos os países dos cinco continentes. O povo trabalhador de Angola nem por isso deixa de se sentir unido aos outros trabalhadores do mundo, tanto mais que a sua luta armada pela independência é objecto de uma grande solidariedade internacional. Para nós, trabalhadores de Angola, a festa do Primeiro de Maio assume este ano um significado especial. A nossa luta armada estende-se já a oito dos quinze distritos em que o ocupante dividiu o nosso Pais. Nessa luta patriótica participam cada vez mais efectivamente jovens e velhos, homens e mulheres, operários, camponeses, intelectuais, todo o Povo unido na aspiração comum de LIBERTAR A PÁTRIA. Hoje, mais do que nunca, cada patriota, onde quer que se encontre, está consciente de que se deve dar inteiramente à luta de libertação. Importa pois que cada um examine atentamente as tarefas que lhe cumpre desempenhar, para contribuir da melhor maneira ao cumprimento da palavra de ordem do MPLA de GENERALIZAR A LUTA ARMADA A TODOS OS CANTOS DO TERRITÓRIO NACIONAL. Cada sector da nossa luta deve, neste PRIMEIRO DE MAIO pôr em execução os novos planos que permitirão flagelar cada vez mais o inimigo até à sua liquidação total. Os guerrilheiros procurarão infligir derrotas cada vez mais pesadas ao inimigo, alargar as regiões controladas, alastrar o campo de acção, consolidar as posições conquistadas, atacar mais intensamente os sectores económicos, dar maior atenção à mobilização das populações, recuperar ainda mais armas ao inimigo, intensificar a formação de quadros político-militares, melhorar a organização da guerrilha no domínio político-militar, económico e social. Os camponeses aumentarão e esforçar-se-ão por variar a produção destinada ao abastecimento dos guerrilheiros, escondendo-a dos colonialistas. Por outro lado ajudarão a intensificar o comércio com as lojas do povo criadas pelo MPLA afim de melhor serem abastecidos nas suas necessidades elementares. Colaborarão com os guerrilheiros no transporte de armas, equipamento e alimentação. Organizarão novas aldeias, onde houver necessidade de viver escondido do colonialista. Os camponeses que vivam sob o controle inimigo devem reduzir ao mínimo o fornecimento de viveres às tropas de ocupação, esconder as colheitas e criar grupos de ajuda aos guerrilheiros e às produções que vivam nas zonas não controladas pelo inimigo. Os pequenos proprietários e os comerciantes deverão cotizar-se com géneros ou dinheiro, para contribuir para a luta de libertação. Os trabalhadores das fábricas, das minas, dos portos, dos caminhos de ferro, os contratados devem trabalhar a um ritmo lento, produzindo o mínimo possível e sempre que puderem devem provocar avarias nas máquinas, nos guindastes, nos camiões, nos tractores, de maneira a reduzir à produção do inimigo. Ao mesmo tempo devem formar grupos clandestinos que organizem essa acção de sabotagem e estabeleçam o contacto com os guerrilheiros, vigiando sempre as tentativas do inimigo de enviar provocadores para descobrir os planos revolucionários. Os intelectuais, estudantes, artistas, funcionários, empregados de escritório ou do comércio estudarão e aplicarão as técnicas revolucionárias de acção nas vilas e nas cidades, para lançar o pânico na rectaguarda do inimigo. Aos estudantes cabe a tarefa de ensinarem os outros trabalhadores a intensificar os conhecimentos da teoria e da prática revolucionária, ao mesmo tempo que aprenderão com a experiência adquirida pelos seus mais velhos na luta. Todo o aventurismo deve ser combatido. Esforçar-se-ão por aplicar golpes profundos ao inimigo, paralizando-lhe os transportes, incendiando-lhe os combustíveis fazendo viver os colonos num permanente ambiente de medo. Os intelectuais intensificarão os contactos com os destacamentos de guerrilha, não somente para fornecerem informações sobre as tarefas a executar, mas também para levarem todas as informações acerca das intenções do inimigo. Os grupos de ligação serão formados com militantes comprovados, incapazes de trair mesmo que sejam interceptados. A partir deste PRIMEIRO DE MAIO a luta armada de libertação ganhará um novo dinamismo e um entusiasmo ainda maior. TODO O POVO DE ANGOLA contribuirá com o seu entusiasmo para esse novo dinamismo e apoiará com um maior fervor o avanço dos guerrilheiros do MPLA. TODO O POVO DE ANGOLA estará vigilante contra as infiltrações dos traidores e espiões, guardado um segredo rigoroso e defendendo a actividade guerrilheira. TODO O POVO DE ANGOLA estará pronto a pegar em armas quando a isso for chamado pelos destacamentos do MPLA, para apressar a liquidação do inimigo colonialista. TRABALHADORES DE ANGOLA, VELHOS E JOVENS, HOMENS E MULHERES, TRABALHADORES DA FÁBRICAS E DO CAMPO, TRABALHADORES DAS MINAS E DOS TRANSPORTES, EMPREGADOS COMERCIAIS, FUNCIONÁRIOS, ARTISTAS, ESCRITORES, ESTUDANTES, MÉDICOS, ENGENHEIROS E LICENCIADOS, FAÇAMOS DESTE PRIMEIRO DE MAIO O PONTO DE PARTIDA PARA UMA NOVA ETAPA, MAIS DECISIVA, DA NOSSA LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL: GENERALIZEMOS E CONSOLIDEMOS A LUTA ARMADA; FLAGELEMOS POR TODOS OS MEIOS AO NOSSO ALCANCE O INIMIGO, ONDE QUER QUE ELE SE ENCONTRE. VIVA O POVO TRABALHADOR DE ANGOLA! VITÓRIA OU MORTE! A VITÓRIA É CERTA!

Mensagem do Comité Director do MPLA ao povo trabalhador de Angola, lido no Angola Combatente (Brazzaville).

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