Intervenção do delegado do MPLA, Bombeiro

Cota
0105.000.024
Tipologia
Discurso
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
Congresso da FRELIMO
Locais
Data
1968
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
3
MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (M.P.L.A.) INTERVENÇÃO FEITA - A TÍTULO DE OBSERVADOR CONVIDADO - PELO DELEGADO DO MPLA, MEMBRO DO COMANDO DA III REGIÃO, CAMARADA BOMBEIRO, AO SEGUNDO CONGRESSO DE FRELIMO, REALIZADO NO TERRITÓRIO LIBERTADO DE MOÇAMBIQUE, DE 20 A 25 DE JULHO DE 1968.- Camarada Presidente Camaradas Membros do Comité Central, Camaradas: É com o maior prazer e honra que tomo a palavra no II Congresso da FRELIMO, organização irmã, que nós, os membros do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) temos considerado como a nossa própria organização. Esta honra coube-me a mim porque, como todos vós sabeis, os Membros do Comité Director do nosso Movimento, estão neste momento, extremamente atarefados a organizar o trabalho da Direcção no interior do nosso país. Debaixo dos bombardeamentos incessantes, os membros do Comité Director têm o dever de organizar todos os sectores da nossa luta para melhor orientar a guerra e, ali onde é possível, a organização administrativa do nosso país. Queridos Camaradas : Cumpre-me o dever de transmitir a todos os participantes neste Congresso as saudações fraternais do Presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola, camarada Agostinho Neto, que desejava ele próprio vir e assistir aos vossos trabalhos. Tanto o Presidente do nosso Movimento como os outros membros do Comité Director e ainda os militantes do MPLA desejam que através de discussões sinceras e completas vós possais resolver os vossos problemas, seguir a orientação revolucionária do vosso Movimento e encontrar a via mais curta para chegar à Independência e a uma sociedade em que termine por completo a exploração do homem pelo homem. Nós consideramos que a luta em Moçambique, como na Guiné-Bissau, como nas outras colónias portuguesas, é um contributo admirável para a libertação completa do nosso continente. Quando os nossos inimigos fazem alianças que funcionam, nós também devemos estar unidos, os povos das colónias portuguesas, sem quaisquer preconceitos, sem quaisquer reservas, ajudando-nos uns aos outros, nesta luta pela vida que estamos desenvolvendo contra o colonialismo português. Não há dúvida que se nós combinarmos bem os nossos esforços, será mais difícil aos nossos inimigos de destruir os nossos povos e de os fazer passar os sacrifícios que hoje passam. Nós, os povos da África Austral, devemos estabelecer uma união séria, efectiva, funcionante, e esperamos que durante o vosso Congresso vós vos debruçareis sobre este ponto crucial. Não posso deixar de me referir com emoção aos laços de amizade profunda que ligam a FRELIMO ao MPLA. Não é por acaso que um dos nossos destacamentos tem o nome de um dos vossos mais destacados militantes, traiçoeiramente morto por um agente da pide, o heroíco e glorioso Jaime Rivaz Sigauke; não é por acaso que a nossa colaboração dentro da CONCP (Conferência das Organizações nacionalistas das Colónias Portuguesas) é positiva. Mas temos de agradecer ao Comité Central da FRELIMO, o ter sabido manter durante os longos anos, mesmo os mais difíceis para o MPLA, uma amizade, uma fraternidade, que toca o mais profundo nos nossos corações. Sempre unidos, no mesmo ideal, para a liberdade, para um futuro de prosperidade e de dignidade para os nossos povos, são os nossos votos. Queridos Camaradas : Não é necessário repetir-vos a extrema dificuldade que nós encontramos para conduzirmos as nossas lutas de libertação. Todos nós conhecemos como o imperialismo está activo, como ele corrompe, como subverte e exerce a sua acção perniciosa em quase todos os países da África. O neocolonialismo substitui em grande parte da África, o ideal sublime dos povos pela sua Independência completa. Os imperialistas encontraram maneira de, através dos seus meios económicos, atarem as mãos dos dirigentes africanos que desejavam marchar rapidamente para o progresso e para a liquidação de todos os restos de colonialismo. No que respeita aos movimentos de libertação, o imperialismo procura dividir-nos, procura fazer confusões no nosso seio, procura desacreditar-nos aos olhos do mundo, no seu intento de ajudar Portugal a manter as suas posições colonialistas. Por isso, seja-nos permitido, prezados camaradas, chamar também a vossa atenção para este ponto fundamental e pedir que o vosso Congresso se debruce sobre aspecto que é tão importante para a FRELIMO como para os outros movimentos de libertação da África. Nós queremos ser livres. Completamente livres. Nós não desejamos continuar a ser explorados pelos imperialistas. Por isso, uma vigilância revolucionária nos é necessária, uma ideologia firme nos é necessária, uma força revolucionária nos é necessária, uma linha política claramente definida nos é necessária, para impedir quaisquer manobras do inimigo. Sabemos que a FRELIMO está aqui reunida, no interior do seu país, apenas para reafirmar a linha que tem seguido e para eliminar os elementos de confusão. Que continue a FRELIMO na sua linha revolucionária, para conduzir o seu povo à libertação completa. Viva a FRELIMO! Viva o MPLA! A VITÓRIA É CERTA! *[Carimbado: Representative in Tanzania - MPLA]

2º Congresso da FRELIMO (em território moçambicano, 20 a 25 de Julho de 1968) - Intervenção de Flávio Fernandes de Faria «Bombeiro», do MPLA,

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