Comunicado de Guerra do MPLA

Cota
0105.000.025
Tipologia
Documento militar
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
5
MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (M.P.L.A.) COMUNICADO DE GUERRA A extensão da área de guerrilha controlada pelos nossos combatentes não cessa de se alargar e, por isso, é cada vez mais difícil que os nossos estafetas tragam a tempo os comunicados de guerra. Podemos, no entanto, tirar algumas conclusões sobre a actividade intensa que o MPLA vem desenvolvimento para generalizar a luta e não permitir que os colonialistas portugueses continuem a dominar o nosso território nacional - através das notícias que nos vão chegando. A luta revolucionária do povo angolano é um dos contributos mais importantes para a libertação do continente africano. Os sucessos constantes do MPLA são os do continente africano e os sinais duma Vitória próxima. O inimigo colonialista, aproveitando a estação seca, tenta intimidar a população, procedendo a inúmeros bombardeamentos, tentando reconstruir pontes, abrir novas estradas, ou atacar as nossas bases, onde se encontravam os destacamentos militares, as escolas, os dispensários médicos, e, de uma maneira geral, todos os aldeamentos de angolanos. A reacção dos nossos guerrilheiros tem, porém, frustrado os seus planos e não conseguem nem desmoralizar a população - uma boa parte da qual se encontrava anteriormente refugiada nos países vizinhos - nem diminuir os nossos esforços para manter e aumentar a produção agrícola; nem o inimigo consegue conservar nas aldeias estratégicas (verdadeiros campos de concentração) a população, que cada vez com mais frequência, foge par as zonas controladas pelo MPLA. Incapaz de resistir às nossas forças, o inimigo colonialista é obrigado agora a proteger as suas colunas motorizadas e as de infantaria, com a aviação, que actua conjuntamente com as tropas, quando estas caem numa emboscada. Ainda no sentido de intimidar as populações, os colonialistas têm continuado a praticar atrocidades, só comparáveis às coetidas pelos nazis durante a segunda guerra mundial. Os guerrilheiros que honrosamente são mortos em combate, são decapitados, para as suas cabeças serem exibidas nas aldeias; são mutilados, cortando-lhes pernas, braços, ou orelhas, com o mesmo fim. Aliás, estes actos de selvajaria não são novidade, visto serem os mesmos que os colonialistas têm usado durante cinco séculos de colinização. Eles não conseguem, porém, dominuir o moral do nosso povo, na sua justa luta pela independência. O inimigo sofre cada vez mais perdas, e são os seus próprios comunicados das forças armadas que confessam as enormes perdas sofridas, assim como a desmoralização no campo colonial. Em Cabinda foi atacada uma coluna, na região de Bukuzau, tendo sido mortos seis soldados portugueses e presos dez soldados fantoches. Nas regiões dos Dembos, Nambuangongo e Luanda, inúmeras acções têm derrotado a soldadesca colonialista: No dia 25 de Março, dois caminhões “unimog” vindos do quartel de Mukulongo e transportando tropas destinadas a prender as populações de Nyakalunda e de Mufupu, para as meter no campo de concentração do quartel de Lumenge, foram atacados pelos nossos guerrilheiros e não conseguiram realizar os seus planos. No dia 27 de Março, na estrada de Buçaco/Lumenge, foram estendidas duas emboscadas aos colonialistas, tendo sido mortos mais de 76 portugueses. Foram recuperadas armas FAL e muitas munições. Do nosso lado temos a lamentar a morte de dois guerrilheiros. No dia 28 de Março, na mesma estrada, nova emboscada e mais perdas para os soldados de Salazar: 16 mortos. Não houve perdas do lado do MPLA. Ainda no mesmo dia, mais 22 soldados portugueses e 3 traidores angolanos foram abatidos; o caminhão onde viajavam, na área de Lumbala, foi incendiado. No dia 19 de Abril, junto do posto de Lupiri, 18 soldados colonialistas que iam buscar água para o quartel, foram totalmente aniquilados. No dia 22 de Abril, na estrada entre Quito Kanaval e Lupiri, foram abatidos 39 colonialistas, durante uma emboscada estendida pelos nossos guerrilheiros. No dia 27 de Abril, fantoches angolanos que patrulhavam os arredores do posto de Mavinga, foram atacados pelos nossos guerrilheiros, tendo sido abatidos 4, capturados 2, e apreendido armamento. No dia 27 de Abril ainda, 4 viaturas inimigas que caminhavam em direcção a Mbala, foram emboscadas junto das margens do ria Luache; 35 soldados portugueses foram mortos e 7 feridos. No dia 30 de Abril, uma força inimiga dirigiu-se para as margens do rio Tsantse, onde se tinham refugiado as populações. Antes, porém, de se aproximarem do rio, foram atacados pelos nossos guerrilheiros, que lhes causaram 2 mortos. A soldadesca colonial recuou, para mais tarde ir cercar a população indefesa. No entanto, os nossos guerrilheiros, que já se encontravam junto do povo, reagiram ao cerco, provocando a morte de 4 inimigos e no dia seguinte de manhã, quando o regressavam ao seu quartel, os inimigos caíram numa emboscada dos nossos guerrilheiros, tendo sofrido 35 baixas. No mesmo dia, pelas 19 horas, os valorosos guerrilheiros do MPLA desencadearam um ataque contra o quartel de Lukusse, utilizando intenso fogo de morteiros e armas automáticas. Várias casernas, a cantina, a estação de rádio, e vários automóveis foram completamente destruídos e, segundo informações posteriores, mais de uma centena de facínoras foi posta fora de combate. O administrador colonialista da região também foi morto. Um dos nossos mais valiosos guerrilheiros foi morto durante este assalto. No dia 1 de Maio, mais 12 soldados colonialistas foram postos fora de combate. No mesmo dia, a 7 km de Mbala, mais uma vintena de mercenários foi abatida. Ainda no mesmo dia, perto de Kangamba, num contra-ataque, os nossos guerrilheiros puseram fora de combate 48 soldados colonialistas portugueses. No dia 3 de Maio, um pelotão que vinha de Kazombo, caiu numa emboscada, sofrendo pesadas perdas. No mesmo dia, uma patrulha do MPLA atacou uma coluna inimiga de três “unimog”, destruindo um deles e pondo fora de combate 20 soldados. No mesmo dia, os soldados inimigos organizaram um contra-ataque; nessa emboscada perdeu a vida o chefe de grupo dos guerrilheiros. Os colonialistas portugueses cortaram-lhe a cabeça e o dedo indicador da mão direita que levaram como troféus. Em continuação desta mesma operação, os bombardeiros metralharam a área, causando a morte de gado do povo. Ainda nesse mesmo dia, soldados fantoches vindos do quartel de Kazombo, sofreram pesadas baixas. No dia 6 de Maio, a dois quilómetros de Gago Coutinho, foi atacada uma patrulha inimiga, tendo havido 17 baixas do lado inimigo. No dia 11 de Maio, 7 bombardeiros apoiaram uma companhia de infantaria que procurava recolher a população angolana em aldeias estratégicas. Durante a noite, a companhia foi atacada e embora se não conheça ainda o número de mortos e de feridos pelo inimigo, as suas perdas devem ter sido elevadas pois foram necessários três helicópteros apoiados por cinco bombardeiros para transportar os corpos. Os dois helicópteros fizeram três viagens nesse dia. No dia 12 de Maio, foram danificados um caminhão “unimog” e um jeep, na estrada Muvuei/Luose. Foram mortos soldados portugueses e fantoches. No mesmo dia, uma lancha inimiga que percorria o rio Zambeze, do quartel de Xilena a Lumbala, foi metralhada por um destacamento do MPLA. 40 soldados colonialistas foram postos fora de combate. Do lado do MPLA, um guerrilheiro foi ferido sem gravidade. No dia 14 de Maio, muito perto do quartel de Lingale, um destacamento de guerrilheiros atacou uma viatura “unimog”, pondo fora de combate 25 dos seus ocupantes. No dia 18 de Maio, 13 portugueses foram mortos e vários feridos, nos arredores do posto de Ninda. A força inimiga era composta por 41 soldados e foi atacada por 6 guerrilheiros do MPLA, dos quais um ficou gravemente ferido. No mesmo dia, o quartel de Muie foi atacado pelos nossos guerrilheiros, morrendo 48 soldados colonialistas e ficando vários feridos. No dia 19 de Maio, quatro viaturas “unimog” e dois tractores tinham conduzido soldados para reconstruir a estrada junto do posto de Lutembo. 20 soldados colonialistas foram mortos ou feridos. No dia 22 de Maio, um grupo de guerrilheiros do MPLA atacou uma coluna de cinco viaturas apoiadas por três bombardeiros e um helicóptero. Foram causadas pesadas perdas ao inimigo (47 soldados) e do lado do MPLA foi morto um guerrilheiro. No mesmo dia, na estrada Luso/Lukusse, a 2km do quartel de Cambinga para Lukusse transportando 70 soldados portugueses, caíram numa emboscada dos nossos guerrilheiros; houve 27 mortos e 15 feridos do lado do inimigo, assim como 2 viaturas totalmente destruídas. No dia 23 de Maio, um grupo de guerrilheiros progrediu até à serração de madeira do colonialista Simões; uma viatura foi destruída e 40 trabalhadores angolanos libertos do trabalho escravo, juntando-se à força guerrilheira. No mesmo dia, a serração de madeira do colonialistas Ferreira, foi destruída, em Sandando, e 30 angolanos libertos. No dia 26 de Maio, na estrada Leua/Xafuinda, junto ao rio Kassassa, afluente do rio Luena, 3 jeeps caíram numa emboscada, tendo sido completamente destruídos dois deles e 24 soldados mortos e 10 feridos. Como represália, os bárbaros soldados portugueses vindos do quartel de Xafuinda queimaram todas as casas da aldeia de Kaneje; mas não houve vítimas da parte da população. No dia 1 de Junho, perto do rio Sutoiko, na região de Muie, foram danificadas quatro das oito viaturas que se deslocavam na estrada, e 35 soldados foram mortos. Durante este combate, foram libertos dois angolanos que se encontravam presos. No dia 4 de Junho, uma coluna de 20 viaturas inimigas caiu numa emboscada, entre os rios Lutembo e Kambimbia. Três carros foram destruídos e 35 soldados colonialistas mortos. No dia 11 de Junho, na zona do soba Muunda, os guerrilheiros do MPLA atacaram uma coluna inimiga, tendo morto 20 soldados portugueses. Vários ficaram feridos. Verifica-se pois que, apesar dos ilimitados meios materiais de que dispõe o inimigo, o Povo Angolano, dirigido pelo MPLA, continua a sua marcha vitoriosa para a Independência completa do seu território nacional. A VITÓRIA É CERTA! Dar-es-Salaam, 28 de Julho de 1968.- *[Carimbado: Representative in Tanzania - MPLA]
Comunicado de Guerra do MPLA - Frente de Cabinda (Dar-es-Salaam)
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