Comunicado de guerra nº 2/69 do MPLA

Cota
0110.000.026
Tipologia
Documento militar
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
4
MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (M.P.L.A.) COMUNICADO DE GUERRA Nº2/69 MAIS DE 83 SOLDADOS PORTUGUESES MORTOS, 103 FERIDOS, 17 TRAIDORES MORTOS, 5 FERIDOS, 2 BARCOS AFUNDADOS E 4 VIATURAS DESTRUIDAS É O BILAN DAS ACTIVIDADES DE ALGUMAS ZONAS DE ACÇÃO DOS GUERRLHEIROS DO MPLA, DURANTE O MÊS DE JANEIRO DE 1969, NA FRENTE LESTE. A melhor resposta às falsas declarações dos colonialistas portugueses, ao tentarem iludir o povo português e o mundo, de que acabaram com a guerrilha em ANGOLA é, não só os comunicados de guerra do MPLA, que dirige o combate em ANGOLA, mas também o boletim das forças armadas dos próprios colonialistas onde, todas as semanas, se fala de acções militares nas 5 Regiões onde o MPLA combate. O Povo Angolano continua decididamente a sua luta, porque confia na sua vitória, que é Certíssima. Assim, os guerrilheiros do MPLA não perdem um só momento para desferir ao inimigo derrotas sobre derrotas. Nalgumas das zonas da 3ª Região, os guerrilheiros do MPLA, durante o mês de Janeiro de 1969, tiveram as seguintes actividades. No dia 3, uma viatura inimiga, que transportava soldados colonialistas que se movimentavam na estrada de ligação de Jimbi/Cabinda, caiu numa mina anteriormente colocada pelos guerrilheiros do MPLA. A viatura e todos os seus ocupantes, ficaram reduzidos a pedaços. No mesmo dia, uma viatura colonialista que se deslocava de Mavinga para Lulokue, caiu numa emboscada dos nossos guerrilheiros; 6 soldados e 10 milícias do inimigo foram mortos. Não houve baixas da parte dos valorosos combatentes do MPLA. No dia 4, os guerrilheiros do MPLA montaram uma emboscada a 500 metros do Posto de Caianda. Pelas 15 horas caiu nela uma coluna de infantaria colonialista. Desta acção resultou a morte de 14 soldados portugueses e 20 feridos. No dia 13, 3 viaturas “Unimog” que transportavam soldados colonialistas vindos do Posto de Ntiengo para o Posto de Lupire, caíram numa emboscada dos guerrilheiros do MPLA. As três viaturas foram destruídas, e foram postos fora de combate 15 carrascos colonialistas mortos, e 23 feridos. Como reacção a esta derrota, o inimigo bombardeou e metralhou a área em que se passou a acção, tendo causado 2 mortos entre a população, e capturado uma criança de 3 anos. No mesmo dia, num outro Sector, os guerrilheiros do MPLA fizeram uma emboscada perto de uma piscina que fica a 200 metros do Posto de Caianda. Passado algum tempo, um grupo de assassinos serviu de alvo para os valorosos guerrilheiros do MPLA, que mataram 18 soldados colonialistas e feriram 13. No dia 14, um grupo de patrulha de guerrilheiros do MPLA armou uma cilada a um grupo de soldados portugueses que ia acompanhar as populações sob o seu controle, à lavras. Os guerrilheiros do MPLA prepararam minuciosamente um engenho que, mais tarde, encheu de pânico os colonialistas portugueses. De regresso às lavras, o primeiro grupo accionou o primeiro engenho que provocou a morte e ferimento de vários soldados portugueses. Tomados de pânico, e quando o resto do grupo tentava fugir, accionou um segundo engenho, provocando também mortos e feridos. Nesta operação, em que os guerrilheiros do MPLA demonstraram uma táctica guerrilha apurada, registaram-se 20 soldados mortos, 10 feridos, 12 elementos do povo que iam com os colonialistas mortos e 5 feridos. No dia 15, os nossos guerrilheiros surpreenderam 2 barcos portugueses que navegavam nas áreas do Zambeze, em patrulha. Estes barcos levam normalmente 30 soldados cada, incluindo a tripulação. Os combatentes do MPLA abriram fogo sobre os dois barcos, tendo-os afundado. Não houve nenhum sobrevivente, porque todos ocupantes seguiram o mesmo destino dos barcos. No dia 21, um grupo de soldados colonialistas acompanhados de alguns traidores, que tentavam descobrir os destacamentos do MPLA, caiu numa emboscada dos nossos combatentes. O inimigo deixou no terreno 20 mortos e 13 feridos. No dia 23, os guerrilheiros do MPLA atacaram um grupo da marinha portuguesa que, deixando, os seus barcos no rio Lundozi, se infiltrava nas matas, tentando atacar os nossos guerrilheiros. Estes, sempre atentos, abriram fogo sobre os carrascos e assassinos que deixaram no terreno um grande número de mortos e feridos, ao mesmo tempo que os outros fugiam desordenadamente. No dia 24, pelas 20 horas, um grupo móvel do MPLA, surpreendeu um grupo de milícias portuguesas e traidores, que se encontravam em missão de descobrir as bases do MPLA. Imediatamente, os nossos guerrilheiros abriram fogo sobre eles, tendo morto 6 e ferido outros. Recuperaram-se 6 armas (mauser). Não houve perdas do MPLA. UM ACTO HEROICO O Comité Director do MPLA louvou postumamente, o pioneiro de nome AUGUSTO NGANGULA, que foi morto à machadada no dia 1 de Dezembro de 1968, quando se deslocava da sua aldeia para uma das escolas do MPLA. No percurso, foi detectado pelos soldados portugueses, que queriam obriga-lo a que mostrasse não só o lugar da escola, mas também uma das bases do MPLA, sob ameaça de morte. O pioneiro que contava apenas com 12 anos de idade, mas para quem a palavra de ordem do MPLA – Vitória ou Morte – tinha o seu verdadeiro significado, resolveu antes aceitar a morte do que indicar aos inimigos as bases do MPLA. A coragem do pioneiro do MPLA, AUGUSTO NGANGULA, e a sua firmeza, são um exemplo que deve ser seguido por todos os pioneiros, jovens, mulheres e velhos de ANGOLA. Pela sua coragem e dedicação à luta da sua Pátria, o Comité Director do MPLA decidiu conceder postumamente ao pioneiro AUGUSTO NGANGULA o título de Pioneiro Heroico do MPLA. Dar-es-Salaa, 15 de Março de 1969. *[Carimbado: Comité Director do MPLA] Extraído do Comunicado de Guerra vindo da FRENTE LESTE DE ANGOLA Nº 2/69. -/MCB-

Comunicado de guerra nº 2/69 do MPLA (extraído do comunicado de guerra vindo da Frente Leste).

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