Plano de Trabalho do MPLA

Cota
0019.000.033
Tipologia
Plano
Impressão
Dactilografado
Suporte
Papel comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Mar 1961
Idioma
Conservação
Bom
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

[Sem data – anterior a Abril de 1961]

PLANO DE TRABALHO

I) – ORGANIZAÇÃO DO MPLA
a) Trabalho extenso e constante de explicação do n/ Programa junto das massas ­populares angolanas.
b) Organizar o MPLA no Congo, clandestino, segundo os princípios estabelecidos no regulamento interno do MPLA.
c) Criar no Congo funcionários do Movimento que se dedicarão apenas à actividade política e que serão pagos segundo as suas necessidades e as possibilidades do MPLA.
d) Ir a Matadi contactar os soldados angolanos que se encontram lá. Indagar da disponi­bilidade de saída de alguns desses soldados para se aperfeiçoarem nas tácticas e técnicas de guerra de guerrilhas. Dar imediato apoio material aos soldados que necessitarem. Organizar politicamente todos os soldados disponíveis dentro dos quadros do MPLA e segundo os princípios estabelecidos no regulamento interno do MPLA (clandestino).
e) Encarar a necessidade de se investir uma certa quantia na compra, por um ­angolano, de um meio de transporte que, a coberto de viagens de negócios, possa fazer correio e carreiras para a fronteira.
f) Estudar a possibilidade de se instalar, (ou instalar já se for possível) uma imprensa clandestina no Congo. Os militantes directamente ligados ao aparelho de imprensa devem ser funcionários do Movimento e esconder a sua actividade política. Criar distribuidores clandestinos de imprensa para o interior de Angola. Se possível
adquirir máquina duplicadora de modo a facilitar um trabalho rápido de ­divulgação das palavras de ordem e das questões que mais preocupam o MPLA.
g) Estudar e resolver o problema da Rádio Congo e a hipótese de um posto emissor clandestino em P.N. [Ponta Negra].
h) Organizar o MPLA em Angola, fundamentalmente no distrito do Congo por ser essa a região mais acessível e que apresenta neste momento melhores condições para a formação duma secção do MPLA. Encarar, para esse efeito, o particular interesse de uma aliança táctica com a ALIAZO (com todas as cautelas possíveis) de modo a garantir-nos a possibilidade de actuação no distrito do Congo.
Dado que os colonialistas portugueses possuem nessa região grande concentração de efectivos militares, a actividade da referida secção nesse distrito deve ser apenas de agitação e propaganda política e organização das massas. Toda a actividade deve ser rigorosamente clandestina. A organização da secção deve ser inspirada no regulamento interno do MPLA.
Os militantes e toda a população neste distrito devem abster-se da actividade militar (sabotagem, etc.) até se desenvolverem as condições favoráveis para uma acção desse tipo. Do contrário a repressão policial e militar dos colonialistas portugueses ­impedirá uma luta organizada das massas populares. Do Congo irradiaremos para outros distritos (Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Malanje, etc.).
i) Tentar contactar angolanos que militem em Angola de forma a preparar uma entrevista com o Comité Director ou com um delegado designado pelo referido Comité Director. Toda a deslocação para Angola deve ser encarada com a solução do problema do regresso ou da ligação.
j) Para já, e a todo o custo, deve fazer-se chegar a Angola o “mot d’ordre” de não atacar nas cidades e começarem a organizar-se e a fortalecer-se nas aldeias, onde o inimigo não tenha nenhuma força ou esteja muito fraco. Interessa que desde já se assegure uma orientação do MPLA na condução da luta armada em Angola.
l) Ministrar conhecimentos da guerra de explosivos a todos os angolanos disponíveis e seguros e que sejam membros do MPLA. A acção militar não deverá ser desencadeada sem ordem do comando.
m) Organizar dentro do MPLA todos os angolanos que desejem dedicar-se com
abnegação à luta pela independência de Angola. O aproveitamento desses angolanos deve ser feito dentro das tarefas expressas neste plano.
n) Estudar Melo, Ferreira e Belo e informar-nos da possibilidade e interesse da vinda deles.
o) Conseguir toda a espécie de mapas de Angola, mas com o maior detalhe possível.
p) Cuidar de obter imediatamente todas informações de carácter militar sobre o inimigo: número de tropas estacionadas, locais de estacionamento, composição dessas tropas (brancos e africanos), estado de espírito das populações, reacção das populações aos recentes acontecimentos de Angola, etc...
q) Questão da Conferência das colónias portuguesas.
r) Possibilidades de uma Frente com Aliazo e Arec para aparecer na próxima Conferência dos Povos Africanos (Maio 1961)
s) Começar a resolver o problema do stock dos seguintes produtos:
a) Ácido sulfúrico, cloreto de potássio, borracha virgem, álcool, algodão, garrafas vazias, ampolas vazias (de cálcio, por exemplo), salitre.
t) Assinaturas do Boletim Oficial e jornais.
u) Combinar pseudónimo (cada pessoa 2 ou 3 nomes) com militantes com postos ou missões especiais. Estabelecer código para as comunicações importantes. Se necessário, ensinar métodos de escrita invisível.
v) Estudar a possibilidade de comunicarmos por telégrafo com Angola.
x) Custo do material no Congo (Brazza: Programa e Estatutos 50 frs. Regulamento – 15 frs. Em Angola: Estatuto – 4$00; Programa – 7$50; Regulamento – 7$50)
z) Dar toda a atenção ao desenvolvimento material (dinheiro) do MPLA no Congo. Controle rigoroso dos fundos. Escolher bem as pessoas encarregadas dos Fundos.
1 – Análise da UPA. O desenvolvimento no seio da UPA.
2 – Os actuais dirigentes do Congo e os partidos políticos angolanos e aos angolanos em geral.
3 – Informações gerais sobre o Congo. Enviar fotos de Angola.
4 – Pseudónimos Conakry e Congo; Chaves do Código; Frases para comunicação pelo telégrafo; Endereços para contactar com Conakry indirectamente – Credencial. Falar Azevedo questão Neto.
5 – Arranjar uma Caixa postal em Brazza e em Léopoldville (em nome de outras pessoas seguras).
6 – Os n/ estudantes devem sair de Leo. A sede da UGEAN no Congo.
7 – Mário António para sair.
8 – Colher informações sobre a União Mulheres de Angola.

Plano de Trabalho «Organização do MPLA...»

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