Comunicado de Aníbal de Melo sobre a UPA

Cota
0033.000.015
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Aníbal de Melo
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

COMUNICADO A União das Populações de Angola acaba de reestencilar e redistribuir um pequeno panfleto firmado pelo signatário ao tempo em que ali exercia as funções de Director Político. O referido panfleto dizia o seguinte: “Angolanos! Os nossos inimigos lançam contra a UPA as mais disparatadas ­acusações. A UPA não perde tempo a responder. Todo o tempo de que dispõe pertence à Causa da Independência de Angola e ao futuro feliz da Pátria Angolana. Por uma e por outra se bate e continuará a bater-se sem desfalecimentos”. Fazendo ressuscitar esse panfleto os dirigentes da UPA pretendem, ao que parece, ter companhia para combater as acusações que lhes fizeram o chefe do estado­-maior o “seu” exército e o secretário-geral do “seu” sindicato. Estranha maneira de se defender! O expediente não pode, porém, resultar. O panfleto em causa – que aparece sem data – foi feito em Março/Abril de 1961. Destinou-se ao interior de Angola para servir de aviso aos angolanos contra a ­propaganda então intensiva que a tropa portuguesa lançava contra a UPA. Se o signatário o fez, se o assinou sem se envergonhar, é porque estava nisso implícita uma tarefa nacional e também, porque não tendo conhecimento das reuniões secretas de um determinado grupo de dirigentes da UPA – que ditavam, afinal, a última palavra do partido – impossível era suspeitar que se encontrava em companhia de indiví­duos que alimentavam ideias de divisão e de racismo, e muito menos ainda que esses ­indivíduos atentavam contra a vida de um grande número de angolanos, como no-lo disse o Comandante Kassanga na sua conferência de imprensa. Pelos motivos apontados, o signatário tem a declarar publicamente o seguinte: a) Não se solidariza de modo algum com aqueles dirigentes da UPA sobre quem pesam as graves acusações que se conhecem; b) Deixou de pertencer ao número de militantes da UPA em Outubro de 1961 por motivos relacionados com o problema da Frente e só não publicou oportunamente este facto para não agravar as relações entre angolanos responsáveis. Limitou-se, por isso, a dirigir uma carta ao Comité Director da UPA, contendo uma exposição de factos, para que cada um dos elementos que o constituem meditasse sobre a situação interna do partido e sobre a necessidade na unificação da luta. Na verdade, o signatário sempre foi partidário da realização duma larga Frente de todos os partidos nacionalistas angolanos que respeitasse a voz dos grupos de patriotas que actuam no interior de Angola em apoio aos movimentos exteriores. E não só isso, como sempre foi de opinião que se deviam varrer os mal-entendidos e colocar o interesse nacional acima dos interesses pessoais e dos partidos. Esta sua posição não é de forma nenhuma recente, como alguns pretendem. Em Janeiro de 1961, à data da sua chegada de Angola, já o signatário a defendia. Em conclusão, verifica-se que ao signatário não cabe qualquer parcela de responsabilidade nos “affaires” de certos dirigentes da União das Populações de Angola. A evocação daquele panfleto na forma e na oportunidade em que é feita, só pode entender-se, finalmente, como uma intriga para desviar as atenções do problema central. Léopoldville, 6 de Abril de 1962 ANÍBAL MELO [com assinatura]

Comunicado de Aníbal de Melo sobre a UPA (Léopoldville)

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