Comunicado do MPLA sobre reunião Conselho Ultramarino

Cota
0042.000.003
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
MPLA - Movimento Popular de Libertação de Angola
local doc
Léopoldville (Rep. Congo)
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA MPLA 51, Avenida Tombeur de Tabora – C.P. 720 LÉOPOLDVILLE COMUNICADO O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) declara solenemente à face da consciência mundial que a reunião do Conselho Ultramarino Português constituiu inqualificável mistificação tendente a iludir os dados da situação nas colónias e, consequentemente, a impedir a realização da vontade do povo angolano de ascender à independência nacional. A referida reunião enquadra-se no oportunismo e na mentira da política reformista, a que as autoridades coloniais portuguesas sempre lançam mão em momentos de crise, apresentando-se como verdadeiro elemento entorpecente da opinião e não como ­satisfação honesta às reivindicações populares. A natureza hipócrita do reformismo colonial português e a circunstância de que não figuraram na reunião do Conselho Ultramarino os legítimos representantes das populações angolanas, invalidam os seus propósitos e as medidas nela tomadas. Na verdade, e como é sabido, os pseudo-representantes dos interesses angolanos não são (como nunca foram) eleitos pelo povo. Ao contrário, na sua grande maioria foram impostos pelas autoridades coloniais, enquanto que os restantes foram eleitos pelos organismos comerciais, agrícolas e industriais inteiramente constituídos por colonos europeus. Por outro lado, é evidente que a reunião do Conselho Ultramarino apresentou um carácter anti-revolucionário, com o propósito de atingir a alma da resistência nacionalista, através da inclusão de um número inédito de personalidades angolanas. Aliás, estas personalidades angolanas não representaram senão a si próprias na medida em que a sua presença no Conselho Ultramarino não obedeceu à satisfação da vontade colectiva do nosso povo, que se orienta intransigentemente no sentido da autodeterminação e da independência nacional. Estas circunstâncias tornam evidente que, enquanto se persistir a ignorar o Movimento Nacionalista Angolano, e enquanto o governo português se negar a reconhecer ao Povo de Angola o direito à autodeterminação e à Independência será impossível realizar uma mutação radical no sistema colonial português, que se harmonize com o expresso na resolução da Assembleia-Geral das Nações Unidas, de Janeiro de 1962. Assim o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ALERTA todos os seus militantes, o povo angolano em geral e os seus aliados ­africanos para as realidades apontadas; APELA para o espírito de vigilância de todos, sem excepção, no sentido de se manterem firmes nas posições tomadas, e de oporem a mais tenaz resistência ao ­amadurecimento das “reformas” portuguesas no quadro do sistema colonial. O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) REJEITA o reformismo legislativo e PROSSEGUE A LUTA PARA E ATÉ A SATISFAÇÃO PLENA DA REIVINDICAÇÃO FUNDAMENTAL DO POVO ANGOLANO – A INDEPENDÊNCIA NACIONAL! Léopoldville, 3 de Novembro de 1962 O COMITÉ DIRECTOR DO MPLA [carimbo do CD]

Comunicado do MPLA sobre reunião Conselho Ultramarino (Léopoldville)

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