Foi publicado no 2º volume de «Um amplo movimento…»
APELO
A todas as Mulheres Angolanas
A 1ª Conferência nacional do Movimento Popular de Libertação de Angola, realizada de 1 a 3 de Dezembro corrente, ao ocupar-se da situação da Mulher Angolana, que o regime colonial português mergulhou num total obscurantismo, afirmou-se pela sua mobilização para a luta libertadora do nosso país.
A pátria deve ser amada. A pátria deve ser servida.
A Organização da Mulher de Angola (OMA), constituída por africanas nascidas em Angola sem qualquer discriminação rácica, religiosa, de ideais políticos, lugar de domicílio ou estado civil, não poderia conservar-se indiferente a essa decisão. Por esse motivo dispõe-se a empregar todos os seus esforços no sentido de corresponder, numa larga adesão, quer aos anseios de progresso sempre manifestados pela Mulher Angolana quer aos deveres patrióticos que sobre a mesma recaem.
Para o cumprimento do seu programa de assistência social e sanitário, de escolarização e de formação técnica, a OMA dispõe de meios financeiros muito precários.
No momento actual da luta pela independência da nossa pátria toda a Mulher de Angola tem um dever de solidariedade para com as suas compatriotas que no país ou no exílio vivem nas condições mais desesperadas.
Nenhuma de nós ignora que no interior de Angola a mulher está remetida à última escala social, submetida a trabalhos forçados, sem assistência médica e enfrentando as autoridades coloniais por motivo da sua participação na luta. Obrigada a sofrer a odisseia dos refugiados, depois duma fuga precipitada e dramática, tem de renunciar a tudo desde o sustento da terra ao amparo dos seus.
A nossa Organização propõe-se lutar ao lado dos nossos irmãos pela liquidação em Angola do domínio colonial português e pelo estabelecimento duma sociedade em que a Mulher Angolana esteja em posição de igualdade na vida da nação.
A OMA lança, pois, um vibrante apelo a todas as Mulheres Angolanas a fim de que as mais favorecidas materialmente ajudem aquelas que necessitam, com todos os meios ao seu alcance – géneros, dinheiro, roupas, etc.
Irmã Angolana, inscreve-te na OMA porque se o fizeres colaborarás simultaneamente na luta pela independência de Angola e pela nossa emancipação!
Toda a correspondência ou donativos devem ser enviados para a B.P. 1629 ou para o nº 51, Av. Tombeur de Tabora em Léopoldville – Rep. du Congo.
A Direcção da OMA [carimbo da OMA]
[21.12.62]
Apelo da OMA a todas as mulheres angolanas «Apelo às Organizações Internacionais de Mulheres» (Léopoldville)