Comunicado do MPLA sobre o 4 de Fevereiro

Cota
0060.000.015
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA MPLA C.P. 2353 – Tel. 4915 BRAZZAVILLE COMUNICADO No dia 4 de Fevereiro de 1961, acendeu-se em Luanda, a chama da Revolução angolana. Foi o acto heróico de um punhado de patriotas, interpretando o sentimento das massas populares, quem animou os nacionalistas de todos os agrupamentos políticos, a revoltar-se contra o opressor português. Esse grupo de nacionalistas, militava no MPLA. O povo de Luanda, nos dias seguintes, suportou o peso da repressão militar e manteve o combate. Mais de um mês depois, o Norte do País, agitado pelos acontecimentos de Luanda, continuou a acção armada, alargando-a aos vários sectores da população. Mas este facto, ainda que tenha dado vida à insurreição, não justifica que se pretenda comemorar o aniversário da luta armada no nosso País, noutro dia, que não o 4 de Fevereiro. É INCONTESTAVELMENTE O DIA 4 DE FEVEREIRO QUE MARCA O INÍCIO DA LUTA ARMADA EM ANGOLA! Só o divisionismo da UPA, cujos dirigentes são inteiramente guiados por interesses não africanos, só ele lança certa confusão sobre essa data gloriosa. De resto, se examinarmos a actividade da UPA ao longo de três anos verificamos que A UPA SÓ PRETENDEU ATRASAR A LUTA, prejudicar a unidade do nacionalismo angolano e conduzir Angola para um regime néocolonialista, inteiramente submetido a interesses estrangeiros. Os dirigentes da UPA, são hoje o maior obstáculo os entendimento entre os angolanos, e um travão colocado na fronteira congolesa para impedir o desenvolvimento da luta armada, contrária aos seus interesses reaccionários. Pela acção da UPA, milhares e milhares de angolanos foram mortos nas florestas do Norte do País, por serem “assimilados”, por serem mestiços, ou simplesmente por não saberem falar o Kikongo. Várias colunas de guerrilheiros do MPLA tiveram que se bater contra os fanáticos da UPA, e duas delas caíram em emboscadas onde os seus componentes, com raras excepções, foram torturados e depois barbaramente assassinados. É por acção da UPA que se deve o encerramento das secretarias das organizações nacionalistas angolanas, em Léopoldville, as prisões e as violências que por intermédio da Sûreté de Léopoldville, têm sido cometidas contra os nacionalistas angolanos. Dirigentes e outros militantes do MPLA sofreram muitas semanas de prisão, nas cadeias congolesas; muitos deles foram espancados e ameaçados de morte; muitos deles foram vexados e humilhados pelos membros do chamado “governo de Angola”. Os dirigentes da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA) entre os quais o seu Secretário-Geral, Pascal LUVUALU, foram presos por terem realizado um Congresso da sua organização. Sempre por investigação [deve ser instigação] da UPA. Tantos são já os desmandos provocados pela sede de Poder que domina os dirigentes da UPA, que agora até receiam a sua própria sombra. Por iniciativa de Holden Robert, a Sûreté Congolesa, fez buscas na secretaria do Partido Democrático Angolano (PDA) e na residência do seu Presidente, Emmanuel KOUNZIKA. Note-se que o PDA faz parte da FNLA e KOUNZIKA é o Vice-Presidente da FNLA. Após a Conferência de Lagos, a UPA encontra-se desmoralizada e completamente desorientada por ter de ser obrigada a renunciar à sua política divisionista. A OUA recomenda a Unidade e reconhece o MPLA, como uma organização válida dentro do nacionalismo angolano. Esta recomendação, destrói os mitos construídos desde o ano passado, sobre a possibilidade de um exclusivo por parte de Holden. Esta recomendação exige que se conceda ao MPLA LIBERDADE DE ACÇÃO em todos os países africanos, incluindo no Congo Léopoldville, o que significará o fim das suas pretensões. Por isso mesmo, os dirigentes da UPA, agarrando-se à sua última tábua de salvação, para destruir as possibilidades de Unidade, lança as mais desavergonhadas calúnias e falsidades sobre o MPLA e sobre os seus dirigentes, com o objectivo de os desacreditar junto do povo. Mas o Povo, já acreditou em muitas e muitas mentiras e agora não está disposto a continuar a ser instrumento da divisão. O Povo clama por Unidade! Unidade! O povo já compreendeu os compromissos criminosos tomados pelos dirigentes da UPA para impedir a luta em Angola. O povo sabe que a UPA recebe dinheiro, muitas armas e munições, muitos medicamentos, mas que não os emprega na luta contra o colonialismo português, limitando-se a um estéril jogo político no exterior e... a conferir “laissez-passer”, para atravessar o beach!!! Mas o MPLA e as outras organizações nacionalistas, continuam o seu combate pela radicação no interior de uma autêntica luta contra o colonialismo português, conduzida pelos verdadeiros patriotas. O MPLA continua a lutar pela UNIDADE de todos os organismos nacionalistas, incluindo a UPA. O MPLA deseja que os homens e os programas, as armas e as finanças de todas as organizações políticas, sejam colocadas ao serviço do interesse fundamental do nosso povo: a conquista da independência completa! O MPLA propõe a todas as organizações nacionalistas, a realização de um Congresso de Unidade, dentro do prazo o mais curto possível, pois está consciente de que, só na Unificação dos esforços de todos os nacionalistas poderá resultar a vitória contra o colonialismo português. Só a partir da Unidade, poderá o nacionalismo angolano sair da situação penosa em que se encontra, merecendo os heróis do 4 de Fevereiro e honrando o Povo angolano, martirizado entre a opressão portuguesa e a obstrução imperialista de que são instrumentos os inimigos à Unidade. VIVA O 4 DE FEVEREIRO! VIVA A UNIDADE DE TODO O POVO DE ANGOLA! LIBERDADE DE ACÇÃO PARA O MPLA B/VILLE, 14.3.64 O COMITÉ DIRECTOR Doc./N.º 17/64

Comunicado do MPLA sobre o 4 de Fevereiro (Doc. 17/64) (Brazzaville)

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