Circular da JMPLA acompanhada dum questionário

Cota
0063.000.014
Tipologia
Circular
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
JMPLA - Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
3
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

JUVENTUDE DO MOVIMENTO POPULAR
DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA
J.M.P.L.A.
B.P. 2353 - Tel. 49-15
BRAZZAVILLE

Compatriota,
A luta do Povo angolano atravessa uma fase difícil. O reconhecimento de um “governo angolano no exílio” sem representatividade, sem prestígio, só serviu para entravar o progresso da luta armada e agravar a união do nacionalismo angolano.
A luta fratricida e o tribalismo continuam a ser as únicas palavras de ordem lançadas constantemente pelos dirigentes da UPA aos seus militantes. Mais 150 angolanos vindos do interior do País, de Malange e de Nambuangongo, foram massacrados pelos grupos de assassinos da UPA. Grande parte deles vinha para se integrar nas fileiras dos que lutam contra o imperialismo e o colonialismo português. Tratava-se de combatentes decididos a conquistar a independência de Angola. Quarenta deles eram estudantes do ensino secundário, quase todos tinham terminado os seus estudos no liceu e propunham-se prosseguir estudos universitários. Eram preciosos quadros para a construção do nosso País. Os dirigentes do “grae” não hesitaram em pronunciar contra eles a sua sentença de morte.
É evidente que estes factos se devem à falta de uma unidade real que organize e discipline todos os aspectos da luta do nosso Povo.
A recente aliança assinada entre a FNLA e o grupo de Viriato da Cruz não passa de uma manobra oportunista para enganar a opinião angolana e internacional; e não se sabe de que lado está o maior oportunismo, se do lado dos dirigentes da FNLA que pretendem enganar a opinião pública, se do lado do grupo Viriato que agora é conivente com os seus associados, dos crimes cometidos contra o Povo angolano.
As prisões congolesas de Makala, Ndolo, Mbinza e Luzumu estão cheias de angolanos; cinco deles são militantes do MPLA e 145 são da UPA. “Não ser de S. Salvador mas sim do Sul de Angola” é o crime de que a maior parte é acusada. Ser favorável à unidade é o crime dos restantes.
A triste experiência destes factos aconselha-nos a organizarmo-nos no sentido de um reagrupamento e do combate unido contra o inimigo comum. Não sigamos a luta que se oriente pelos interesses estrangeiros mas sigamos a luta que se oriente pelos interesses do nosso Povo.
Mesmo as instâncias africanas que anteriormente ditavam sentenças contra a nossa organização, começam a vacilar. O Comité de Libertação da África, durante a sua recente reunião em Dar-es-Salam, remeteu a discussão do problema angolano para a próxima Conferência do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da OUA. Numa confusão evidente, este Comité declarou não poder “reconhecer” um segundo “governo”.
JOVEM ANGOLANO
Tu que lutas sem compromisso e que lutas para a libertação do teu Povo, a solução do problema do nosso País está nas tuas mãos.
Todos os jovens do mundo que lutaram e que ainda lutam pela sua independência e pela sua libertação nacional estiveram e estão unidos.
Exige a unidade de todas as forças angolanas porque apenas na unidade se encontra a chave da luta contra o inimigo comum – o colonialismo português.
O problema angolano não pode continuar a ser uma fonte de rendimento para certos dirigentes a quem a unidade apavora.
Denunciemos esses dirigentes.
Procuremos ver claro nas tarefas nacionais que nos cabem.
Evitemos ser condenados pelos nossos descendentes. Porque é a nós, Jovens angolanos, que cabe toda a responsabilidade.
Exigindo que todas as forças nacionalistas se reúnam num CONGRESSO, os Jovens estudantes angolanos da Europa e da América, recentemente reunidos num Seminário em Genebra, deram-nos um grande exemplo de maturidade política.
O que é importante actualmente para a luta do Povo angolano, não é o reconhecimento de governos mas a unidade de acção. A nossa luta encontra-se paralisada.
Os portugueses reorganizam as suas forças. Angolanos sem escrúpulos massacram e detêm outros angolanos.

JOVEM ANGOLANO
Não menosprezes esta realidade, qualquer que seja a tua convicção política. Manifesta-te a fim de obter a unidade de acção tão necessária para o êxito da Causa Angolana.
Neste sentido, envia o questionário aqui anexo, preenchido, para o seguinte endereço:
Juventude do Movimento Popular de Libertação de Angola
JMPLA Brazzaville – República do Congo – C.P. 2353

Brazzaville, 15 de Junho de 1964 A Direcção da JMPLA

QUESTIONÁRIO

NOME____________________________________________________
Local de residência: _________________________________________
Partido político a que pertence­­­­­­­­­­­­­_________________________________
O que pensa sobre a unidade? ___________________________________
O que pensa sobre a realização de um Congresso de todos os partidos políticos angolanos? ______________________________________
Está, sim ou não, de acordo com esse Congresso? Se sim, como deve ser formado o Comité preparatório desse Congresso?______________________________________
Onde se deve realizar esse Congresso? ­­­­­­­­­­__________________________________
Que assuntos devem ser debatidos? ______________________________________
Os convites devem ser individuais ou por organizações? ____________________
Devem ser convidados observadores? ­­___________________________________

_________________ de 1964
Assinatura ______________________

Circular da JMPLA acompanhada dum questionário (Brazzaville)

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