Comunicado sobre morte de António dos Santos Ambrósio

Cota
0067.000.014
Tipologia
Comunicado
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Autor
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA
MPLA
C.P. 2353 – Tel. 4915
BRAZZAVILLE

COMUNICADO

Vivamente indignado pela morte cruel do seu militante ANTÓNIO DOS SANTOS AMBRÓSIO, vítima de sevícias graves por parte da polícia congolesa de Léopoldville, o MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA (MPLA) dirigiu os seguintes telegramas às entidades abaixo designadas:

SUA EXCIA JOSEPH KASAVUBU PRESIDENTE REPÚBLICA CONGO- LÉOPOLDVILLE.
“Informados morte vítima sevícias prisão LUZUMU nacionalista angolano MPLA ANTÓNIO DOS SANTOS AMBRÓSIO preso sem culpa formulada desde Março stop vivamente emocionados vimos respeitosamente junto V. Excia apresentar enérgico protesto stop pedimos primeiro abertura inquérito punição responsáveis segundo liberdade imediata nossos militantes JACINTO MANUEL E ANTÓNIO
MUBEMBA (LUZUMU) ARSÉNIO MESQUITA (MAKALA) JOÃO ZOMBO NEKONGO E ADRIANO PEDRO E MANUEL MORAIS (CAMPO UPA KINKUZU) terceiro libertação centena outros angolanos presos instigação Holden Robert quarto garantias vidas angolanas residentes Léopoldville stop alta consideração.
COMITÉ DIRECTOR MPLA

SECRETÁRIO-GERAL OUA ADDIS ABEBA
Vivamente emocionados morte nacionalista angolano MPLA ANTÓNIO DOS SANTOS AMBRÓSIO prisão LUZUMU vítimas sevícias pedimos vossa intervenção salvar patriotas angolanos cujos nomes JACINTO MANUEL, JOÃO ZOMBO NEKONGO, ADRIANO PEDRO, MANUEL E ARSÉNIO MESQUITA PRESOS SEM CULPA formulada prisões Léopoldville stop alta consideração.
COMITÉ DIRECTOR MPLA

E à Cruz Vermelha Internacional em Genebra do mesmo teor ao anterior.
ANTÓNIO DOS SANTOS AMBRÓSIO fora preso no dia 26 de Março de 1964 sem culpa formulada com dois outros militantes do nosso Movimento pela polícia congolesa, em cumplicidade com os principais dirigentes da Sûreté de Léopoldville. Data daí uma verdadeira odisseia, constantemente transferidos de prisão em prisão e submetidos aos piores tratamentos a que é possível submeter seres humanos. De tal modo que o corajoso nacionalista viria a sucumbir ao regime de fome e às barbaridades a que os seus carrascos o sujeitaram durante muitos meses.
Consumaram-se assim as apreensões que repetidas vezes deixámos perceber em inúmeros documentos dirigidos às mais variadas entidades africanas e internacionais. Numa dezena de telegramas dirigidos ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro e ao Ministro do Interior do Congo-Léopoldville desde Março de 1964, o MPLA agitou esta questão tão humana de salvar as suas vidas em perigo. Não fomos porém ouvidos no momento mais oportuno e eis que hoje pesa sobre aqueles em cujas mãos repousa o poder, a responsabilidade deste crime para o qual exigimos a abertura de um inquérito.
A morte do nosso companheiro de luta deve servir para alertar a opinião internacional e africana sobre o destino que espera os nossos militantes referidos nos telegramas mencionados e de todos os angolanos detidos ou ameaçados no território do Congo-
-Léopoldville, levando-os a agir sem demora, exigindo a sua libertação imediata.
Da mesma forma, o desaparecimento brutal do nacionalista exemplar que foi ANTÓNIO DOS SANTOS AMBRÓSIO sirva de esclarecimento aos meios políticos internacionais e em especial aos da OUA sobre o verdadeiro carácter de certas organizações, cuja audiência mancha os nobres ideiais que as mesmas defendem.

O COMITÉ DIRECTOR DO MPLA

B/VILLE; 14.10.64 [carimbo do CD do MPLA]
DOC. Nº 47

Cópia do comunicado sobre morte de António dos Santos Ambrósio; Telegrama ao Secretário-geral da OUA; Carta à Cruz Vermelha Internacional (Brazzaville)

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