Circular do MPLA sobre reunião conjunta da direcção político-militar

MOVIMENTO POPULAR DE LIBERTAÇÃO DE ANGOLA MPLA C.P. 2353 – Tel. 4915 BRAZZAVILLE CIRCULAR Teve lugar no início da segunda quinzena do mês e ano corrente, num dos locais da 2ª região, uma reunião conjunta dos organismos dirigentes do Movimento, constituída pelos membros do gabinete político, ­comité director e o comando da 2ª região. A reunião decorreu no mais elevado espírito de camaradagem e fervor revolucionário, afirmando uma vez mais a vitalidade da nossa organização e a determinação dos seus quadros de prosseguir a luta de Libertação Nacional do nosso país, até à vitória integral dos princípios formulados pelo MPLA, em defesa das reivindicações do povo angolano, em especial das camadas sociais mais oprimidas e exploradas pelo sistema colonial português. Constituiu objecto de reunião a necessidade de actualizar os métodos de trabalho, formar organismos, assentar uma série de princípios adaptados à nossa estratégia global e ao contexto nacional e internacional de desenvolvimento da luta pela descolonização do nosso país. Foram assim aprovadas as seguintes conclusões: A – No que se refere à estratégia I – A posição de vanguarda ocupada pelo MPLA no seio do nacionalismo angolano, provém do facto de ser a única organização política angolana que possui e realiza com as formas de luta mais adequadas, um programa defendendo consequentemente as aspirações das massas angolanas mais oprimidas e exploradas. II – Sendo a independência de Angola o meio único que permitirá a concretização de todas essas aspirações, o MPLA trava uma luta por todos os meios pela libertação completa do território nacional. III – O MPLA não perde de vista que a conquista do poder político é um factor que facilitará a realização dos objectivos supremos da revolução que encabeça. IV – A luta do MPLA não está limitada [ao] desejo de levar o inimigo a negociar. V – As particularidades específicas do domínio colonial português, de pressão do imperialismo e da ameaça do neo‑colonialismo levam o MPLA a realizar uma luta arm­ada de longa duração que permitirá ao POVO temperar-se para defender as aquisições da Revolução Angolana. B – No que refere à orientação geral da luta I – A acção político‑militar do MPLA baseia-se na adesão e no apoio que lhe dão as massas populares. II – O programa do MPLA e os princípios estabelecidos na I Conferência Nacional e na I Conferência de Quadros constituem um guia eficaz para a orientação da luta de libertação do povo angolano. III – O êxito da estratégia de luta prolongada exige que a atenção do MPLA se concentre cada vez mais na mobilização das massas populares. IV – A imediata intensificação da luta amada onde ela é possível deve ser acompanhada duma ainda mais intensa acção política que favoreça o estabelecimento em todo o país de novos focos de luta. V – O baixo nível qualitativo e quantitativo de quadros disponíveis para a luta, impõe ao MPLA a intensificação da sua política de formação de quadros e ao aumento do seu nível ideológico, recorrendo a todos os meios adequados ao seu alcance. VI - Dia a dia o povo angolano toma maior consciência da necessidade imperiosa de se unir para libertar o território nacional. Esse facto leva‑o a condenar e abandonar todos os falsos patriotas e a apoiar os esforços do MPLA no sentido de criar uma verdadeira FRENTE UNIDA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL. O MPLA deve prosseguir na sua linha de unidade até conseguir este objectivo. A reunião estabeleceu também um método de trabalho na base do melhor aproveita­mento das possibilidades e capacidades dos seus mem­bros e órgãos dirigentes, nomeou o Comando Operacional, verificou a não oportunidade da realização da 2ª Conferência de Quadros e recomendou a formação do Conselho de Representantes e a elaboração de um re­gulamento de disciplina geral. As conclusões referidas constituem a linha geral de orientação e de desenvolvimento da nossa actividade. Elas devem ser conhecidas, ­divulgadas e respeitadas por todos os militantes e organismos do nosso Movimento. B/VILLE; 29/12/64 VITÓRIA OU MORTE DOC.59 O Comité Director