«Papel timbrado M.P.L.A. - Brazzaville»
DECLARAÇÃO POR OCASIÃO DA JORNADA DE SOLIDARIEDADE COM OS POVOS DOS PAÍSES SOB DOMINAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA
No momento em que os Povos africanos decidiram comemorar o 3 de Agosto como Jornada de Solidariedade com os povos dos países sob dominação colonial portuguesa, a luta de libertação nacional nesses territórios havia começado a romper o muro de silêncio do colonialismo português que o encobria.
Hoje os êxitos e as vitórias da luta armada dos nossos Povos isolam o sistema colonial português, reforçam a nossa vontade de conquistar a independência nacional e provocam uma corrente mais forte de solidariedade internacional para com a nossa justa Causa.
O apoio dado a Portugal pelas potências imperialistas da OTAN principalmente pelos Estados Unidos e a Alemanha Federal, se por um lado retardam a derrota de Portugal, não a tornam porém, impossível nem menos desastrosa, pois diminuem todas as possibilidades de perpetuar a exploração imperialista e a opressão e repressão racistas pela consciencialização dos nossos povos através duma luta revolucionária consequente e persistente.
Os povos de Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe que nos seus respectivos países sustentavam um combate desigual contra a mais odiosa de todas as ocupações colonialistas, compreenderam a tempo ser um contributo decisivo para a vitória, a coordenação dos seus esforços contra o inimigo comum.
A Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP) que compreende que o Comité de Libertação das Ilhas de S. Tomé e Príncipe (CLSTP), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e o Partido Africano da Independência da Guiné e do Cabo Verde (PAIGC), impôs-se como um instrumento eficaz da luta pela independência dos países sob dominação colonial portuguesa.
Em Angola, apesar das dificuldades encontradas em alguns países limítrofes, a abertura de novos focos de guerrilha – em particular a Frente do Sul do País – a mobilização das populações e a implantação da nossa organização político-militar por todo o território nacional impõe o MPLA como única força na condução da luta armada e a única que o inimigo teme no interior do País.
As proporções e o carácter decisivo da luta armada na Guiné dita portuguesa sob a orientação do PAIGC, a sua estrutura político militar a vastidão das zonas libertadas e as realizações socioculturais conferem-lhe as características de um Estado parcialmente ocupado (zonas citadinas em especial) por tropas estrangeiras.
Em quase dois anos de luta, são consideráveis os sucessos da FRELIMO. Mais de 1.000 soldados inimigos postos fora de combate: destruição e paralisação de objectivos económicos; ponte sabotadas e aviões inimigos abatidos e a guerrilha instalada na maior parte do território, eis as vitórias do Povo moçambicano e dos Povos das outras colónias portuguesas.
A solidariedade militante para com os nossos Povos inscreve-se acima de tudo no quadro africano ao qual pertence a nossa luta assim como a luta dos Povos da África do Sul, do Sudoeste Africano e do Zimbabwe. Os nossos povos em luta constituem ainda, com os outros povos de África, da Ásia e da América Latina, a grande frente anti-imperialista que encontra no Povo do Vietnam o mais fiel intérprete da aspiração comum pela Liberdade, pelo Progresso e o Bem-estar.
A comemoração da Semana de Solidariedade para com as Colónias portuguesas aumenta as nossas responsabilidades e o dever combatente de nos solidarizarmos com todos os povos em luta e contribuirmos com a nossa tenacidade, para a vitória de todos os oprimidos e explorados na África, Ásia e América Latina.
VIVA A SEMANA DE SOLIDARIEDADE PARA COM OS POVOS DAS COLÓNIAS PORTUGUESAS!
ABAIXO O COLONIALISMO PORTUGUÊS!
VITÓRIA OU MORTE!
*[Carimbado: Comité Director -M.P.L.A.].
3/8/66
B/VILLE
DOC. 117
Declaração do MPLA por ocasião da Jornada de solidariedade com os povos dos países sob dominação colonial portuguesa (Brazzaville).
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