Carta do CEA ao Comité Director do MPLA

Cota
0090.000.001
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel Comum
Remetente
CEA - Centro de Estudos Angolanos
Destinatário
Comité Director do MPLA
Locais
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
2
CENTRO DE ESTUDOS ANGOLANOS
20, Avenue Dujonchay
- A L G E R -

Alger, 1 de Fevereiro de 1967
D / 7 / 67

Comité Director do M.P.L.A.
B. P. 2353
BRAZZAVILLE - Rép. du Congo

Caros Camaradas
Começamos por saudar em vós; a heróica luta do Povo Angolano, tão corajosa e sabiamente dirigida pela sua vanguarda, o M.P.L.A..

Nesta data - vésperas do 4 de Fevereiro - que invoca a glória e o martírio do Povo Angolano, olhamos com admiração a gigantesca obra realizada nestes últimos três anos pelo M.P.L.A. e redobramos de confiança no futuro do desenvolvimento da Luta de Libertação Nacional que acabará por liquidar o colonialismo português em Angola e arrancar a independência completa.

Neste momento estamos procurando contribuir o melhor possível para a realização das comemorações do 4 de Fevereiro. No entanto, e ao contrário do que seria de esperar, há da parte das autoridades locais uma série de promessas não cumpridas, de entraves da última da hora sob a desculpa das “eleições comunais”, o que em parte é verdade. Mas por uma série de factos, inclusive o reaparecimento do boletim de informação do GRAE anunciando contactos largos com o público no futuro e atacando o Movimento, e chamando Carnaval ao 4 de Fevereiro e ainda outros pequenos sintomas, poderemos aventar a hipótese de que certas dificuldades encontradas, de que fomos informados, resultam dum trabalho de sapa junto dos serviços locais feitos pelos meios “graeistas”. Acrescentamos que a hipótese é bastante possível precisando de ser confirmada em mais pormenores.
No que respeita às fichas de informação sobre a conjuntura angolana e geral, queremos pedir desculpa de elas não terem sido enviadas em Janeiro, como nos foi dito pelo camarada Presidente. Não houve o mínimo de possibilidades para se ter realizado esse trabalho; ele requer o estabelecimento dum plano de capítulos a tratar (plano que deverá ser bem discutido) requer a concepção de um sistema de classificação que permita a melhor separação e o arquivo mais funcional por parte dos camaradas aí, requer a recolha de dados e a sua dactilografia. Ora, na actual fase de aperto de trabalho e dispersão de esforços, isso foi impossível fazer, sobretudo porque seriam as primeiras fichas. No entanto, como tínhamos conseguido um relatório de apreciação geral sobre Angola feito por uma agência especializada na informação da opinião pública, enviámo-vos há dias em carta express. Claro que esse relatório merece bastantes reservas porque é feito sob a óptica imperialista, mas tem um ou outro dado que pode interessar.

Enviámos esse documento imediatamente porque não pudemos fazer as fichas em Janeiro. Pedimos aos camaradas que nos digam se as primeiras fichas informativas devem ir mesmo em fins de Fevereiro ou se a sua publicação regular pode começar no fim de Março.

Fizemos sair o caderno revolucionário nº2, para assinalar o 4 de Fevereiro. Só foi possível imprimi-lo porque o bureau contribuiu em dinheiro para a sua impressão. Foram-vos enviados 21 exemplares, e, logo que seja possível, seguirão mais. O caderno é a primeira parte do livro “A Resistência Vencerá”.

Terminamos, desejando a continuação dos êxitos sucessivos obtidos pelo Movimento na condução da luta do Povo Angolano pela Independência Completa. Recebam, caros camaradas, as nossas fraternais

SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS
P’la Direcção

Carta do Centro de Estudos Angolanos em Argel (D/7/67) ao Comité Director do MPLA

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