Texto de Angola Combatente «Inicia-se hoje em todo o Mundo a celebração...»

Cota
0092.000.020
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA «Angola Combatente»
Data
Idioma
Conservação
Razoável
Imagens
4
+[Manuscrito: 19/4]
Inicia-se hoje em todo o Mundo a celebração da Semana de Solidariedade com os povos da América Latina. O significado desta semana não passará despercebido a todos aqueles que nesta hora crucial da história estão dando as suas vidas para poder liquidar os vampiros que não perdem nenhuma ocasião para explorar as riquezas alheias.
A escolha desta data deve-se a um facto memorável na luta que os povos latino-americanos travam contra o seu maior inimigo – o imperialismo americano. Há cinco anos, com efeito, a CIA – cão de fila dos imperialistas americanos, organizava em colaboração com os cubanos que tinham vivido à sombra do ditador Baptista uma expedição contra Cuba, já então vivendo no regime democrático que o seu povo escolheu. A recepção que o Povo cubano ofereceu a essa expedição pirata não podia ser melhor, e o governo americano viu-se coagido a encaixar aquilo que foi classificado do segundo grande desaire americano na próxima América Latina. Lembramos que o primeiro grande desaire foi a vitória das forças fidelistas, contra a plutocracia de Baptista. Hoje Baptista vive asilado pelo governo português, afogado no álcool a saudade de um tempo em que pôde impunemente sugar o trabalho do povo cubano. A exemplo de Cuba, numerosos povos da América Latina se estão organizando para lutar contra o enfeudamento dos seus governos à finança americana. As tarefas da revolução latino americana visam essencialmente suprimir as velhas estruturas políticas, jurídicas e sociais, quer dizer acabar com as ditaduras, e lançar os fundamentos de regimes democráticos com plena consciência dos graves problemas a solucionar, entre os quais se destaca o problema da reforma agrária.
A América Latina enfrenta o grave problema da gigantesca dominação do capital americano. A dificuldade para as largas massas exploradas latino-americanas em lutar contra o gigante imperialista tem-se vindo a resolver através do reforço da solidariedade que se efectuou entre esses povos e os povos de África e da Ásia, que constituem aquilo a que se chama o Terceiro Mundo.
Hoje praticamente todos os países latino-americanos se lançaram na luta armada, utilizando a táctica das guerrilhas. Os povos de São Domingos, de São salvador, da Bolívia, do Perú, da Colômbia, do Equador, da Argentina, da Venezuela, da Guatemala já se lançaram na luta armada contra a plutocracia nacional enfeudada aos Estados Unidos. Praticamente só o Chile ainda não encarou a via armada como solução política.
Na recente conferência de Punta del Este, que reuniu os membros da chamada Organização dos Estados Americanos – OEA – pôde constatar-se um novo grande insucesso de Johnson, que encontrou uma forte resistência à política proteccionista que o seu governo foi propor aos países sul americanos. O presidente do equador, o senhor Arosemena, recusou-se a assinar a declaração de Punta del Este, e muitos outros presidentes dos actuais regimes sul americanos- entre os quais o Próprio presidente do Brasil denunciaram a manobra que é a Aliança para o progresso, através da qual o governo americano vem pretendendo enganar os povos sul americanos prometendo-lhes um aumento do nível de vida num breve espaço de tempo.
O presidente do Equador não escondeu o que pensava e disse claramente a Johnson, citamos – VOCÊS ESTÃO GASTANDO BILHÕES DE DÓLARES NO VIETNAM PARA DEFENDER A DEMOCRACIA, MAS NÃO FAZEM NADA PARA DEFENDER A DEMOCRACIA DO VIETNAM. Um outro presidente, o do Perú, disse à Jonhson citamos – AS DESPESAS FEITAS PELOS ESTADOS UNIDOS NA AMÉRICA LATINA SÓ BENEFICIAM A SEGURANÇA DOS PRÓPRIOS ESTADOS UNIDOS fim de citação.
Com o fantasma dos movimentos de guerrilha que se estão desenvolvendo em toda a América Latina e com a desconfiança claramente manifestada pelos governos fantoches em relação à política imperialista baptizada de Aliança para o Progresso, o Governo Americano sente corroerem-se as bases da sua dominação na América Latina, num momento decisivo em que sente também que a guerra do Vietnam só pode ser ganha pelo Povo Vietnamiano.
O MPLA, fiel aos princípios da Conferência Tricontinental, é solidário das lutas que os Povos da América Latina estão travando neste momento contra o imperialismo americano.
ESTA GRANDE HUMANIDADE DISSE BASTA!
E PÔS-SE A CAMINHAR!
UNIDOS VENCEREMOS!



**[esta página não deve ser deste documento. O assunto não é o mesmo]
O MPLA não pode, por outro lado deixar de apreciar o esforço da oposição democrática na desmistificação colonial do povo português, e é por isso que o MPLA aceita o diálogo com esse sector progressista da opinião portuguesa, sem o intuito de estabelecer quaisquer laços ou compromissos que poderiam desnaturar o objectivo do diálogo.
A experiência que nos oferecem todos os países que se libertaram verdadeiramente da opressão incita-nos a activar cada vez mais e a melhor organizara luta armada, pois quanto mais golpes duros vibrarmos ao inimigo mais profunda será a cova em que enterraremos todos os vestígios do colonialismo.
POVO ANGOLANO, AVANTE DE ARMAS NA MÃO, PELA INDEPENDÊNCIA NACIONAL.
A VITORIA APROXIMA-SE E TU DEVES ESTAR NO TEU POSTO! CADA HOMEM CADA MULHER!, CADA CRIANÇA TÊM UM PAPEL A CUMPRIR NA NOSSA REVOLUÇÃO. TODAS AS ARMAS SÃO ÚTEIS. NO TEU EMPREGO, NA TUA CASA, NA ESCOLA, NA RUA, EM TODA A PARTE O TEU DEVER – PATRIOTA ANGOLANO – É RESISTIR À OPRESSÃO; A TUA RESISTÊNCIA PERMANENTE FARÁ SENTIR AO OPRESSOR QUE O SEU FIM ESTÁ PRÓXIMO; COM O MPLA A REVOLUÇÃO ANGOLANA VENCERÁ!



*[Manuscrito: HISTÓRIA]
Continuamos hoje o nosso programa sobre a História da nossa terra.
No último dia prometemos que hoje iríamos falar no reino do Congo.
O antigo reino do Congo, na época em que ele foi mais extenso, ia desde a foz do rio Ogoué à foz do rio Quanza e para o interior até ao rio Kuango, afluente do Kasai.
O primeiro rei do Congo foi WENE ou NIMI LUKENI, que tinha o título de NTINU. Vindo da região do Mayombe fundou a sua capital em MBANZA CONGO, hoje São Salvador. Isto passava-se no século XIII e estendeu o seu reino lançando-se numa série de conquistas com auxílio dos seus familiares que foram nomeados chefes das províncias conquistadas. Já no século XV o reino do Congo estava dividido em 6 províncias M’PEMBA (onde residia o Rei e a corte), SONYO (ao sul da foz do Congo), M’BAMBA (a província mais rica e populosa); M’BATA (a leste que servia de fortaleza contra as invasões dos Jagas), NSUNDI (que servia de intermediário entre os Bateke e a costa, e onde se fazia o comércio de escravos e de marfim) e M’PANZO (onde viviam os povos Bassundi). Vamos repetir o nome das 6 províncias: M’PEMBA; SONYO; M’BAMBA; M’BATA; NSUNDI; M’PANZO.
Como dissemos o rei nomeava governadores das províncias os seus familiares, à excepção da província de M’BATA, onde o governador era eleito pelo Povo, ou nomeado pelos notáveis do clã N’ZAKU.
Por volta de 1700, o clã MPASI quis também ter o direito de nomear o governador de M’BATA.
Além destas seis províncias, o rei tinha sob a sua dependência directa, até pelo menos ao século XVI, os reinos de LOANGO, N’GOIO e o reino de ANZICO, também chamado de MAKOKO ou BATEKE. Quanto ao reino de N’GOLA, conservava certa independência em relação ao reino do Congo, embora em certas alturas, em virtude das guerras estivesse temporariamente sob a tutela do reino do Congo.
Do ponto de vista social o reino do Congo era constituído por diversas tribos, cada uma das quais se dividia em clãs, ou seja, grupos de pessoas descendentes dos mesmos antepassados. Os clãs eram dirigidos por um chefe, escolhido pelos membros do clã. Quando o chefe morria escolhia-se outro chefe. Qualquer homem do clã tinha direito a ser escolhido, fosse o seu grau de parentesco com o chefe falecido. No clã, embora fossem os homens os chefes, as mulheres tinham grande importância pois eram elas que educavam os filhos e viviam com eles enquanto pequenos. O pai e a mãe nunca podiam ser do mesmo clã. No próximo programa, isto é, sexta feira, falaremos mais um pouco do reino do Congo e do rei WENE. Tentem agora relembrar o que dissemos. Bom trabalho e… até à próxima sexta feira.

Texto do programa radifónico do MPLA Angola Combatente «Inicia-se hoje em todo o mundo a celebração da Semana de Solidariedade com os povos da América latina…» (Brazzaville).

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