Cota
0094.000.013
Tipologia
Correspondência
Impressão
Dactilografado (2ª via)
Suporte
Papel Comum
Remetente
CEA - Centro de Estudos Angolanos
Destinatário
Comité Director do MPLA
Data
Idioma
Conservação
Bom
Fundo
CENTRO DE ESTUDOS ANGOLANOS
20, Av. Dujonchay
- ALGER -
Alger, 5 de Junho de 1967 (ANO DA GENERALIZAÇÃO DA LUTA ARMADA EM ANGOLA)
D/41/67
Comité Director Do M.P.L.A.
Caros Camaradas
Respondemos às vossas duas últimas cartas: 0317/3/67 e Nr. 4/P.
SUBSÍDIOS DO MOVIMENTO - A nossa situação financeira tem sido dificílima e, várias vezes, pusemos o Paulo Jorge ao corrente. Ele informou-nos há tempos que escreverá à Direcção do Movimento propondo que uma parte de uma certa quantia a receber pela Delegação, aqui, fosse entregue ao Centro. Há dias informou-nos que a Direcção do Movimento estava de acordo e que, portanto, ele nos entregaria 2.200 dinars. Em Abril tinha-nos já entregue 300 dinars; há dias entregou 1.000 dinars; em breve entregará os restantes 900. Como já nos remetera em Março passado uma quantia de 250 DA sob ordem da Direcção do Movimento, podemos dizer que, dentro de dias, teremos recebido uma importância de 2.450 DA relativos a parte dos subsídios do Movimento, em atraso.
No que respeita à quantia proveniente de Brazzaville e que, segundo a vossa primeira carta, nos chegaria em Maio, trazida por um delegado à Conferência Pan-Africana da Juventude, temos a dizer que nada recebemos até à data.
O último subsídio recebido da Direcção do Movimento era relativo ao mês de Janeiro de 1966, inclusive. Em fins deste mês haverá, pois, um atraso de 17 meses equivalendo a uma importância de 23800 DA. Como a Delegação do Movimento em Argel nos terá entregue 2450 DA, entretanto, os subsídios em atraso passarão a ser de 21.350 DA no fim deste mês.
Sobre a possibilidade de os camaradas utilizarem a via bancária para a satisfação do encargo, como era sugerido na vossa carta, temos a dizer que é possível fazê-lo, devendo a transferência ser feita no nome de PESTANA DOS SANTOS, Artur Carlos - 13 Rue Burdeau - Alger.
FICHAS DE INFORMAÇÃO - As fichas relativas ao mês de Abril foram expedidas no mês passado e já devem estar na vossa posse. Como na ocasião não tínhamos fundos, não as expedimos todas de uma vez. Hoje acabaram de seguir os últimos envelopes. Como os camaradas notarão pela leitura do catálogo de assuntos, foram acrescentados, neste, dois novos pontos: o 11.3.4 e o 20., por nos parecerem necessários. Agradecemos que nos digam quais as modificações que é preciso introduzir e os assuntos sobre os quais é mais necessário insistir nas próximas fichas.
Gostaríamos de poder elaborar as fichas em períodos de cada dois meses, mas, nas actuais condições de carência de pessoal e de grande trabalho de arquivo e documentação parece-me impossível fazê-lo sem prejudicar sensivelmente o trabalho necessário de documentação que, aliás, é a base sobre o qual assenta a elaboração das fichas de informação. Por isso pensamos que a periodicidade de 3 meses terá de se manter (isto visto de lado das nossas possibilidades).
Por outro lado agradecemos que nos informem se as fichas já chegaram.
TRABALHOS EM CURSO- 1) a selecção, classificação e arquivo da documentação prosseguem, embora abaixo do ritmo desejado, devido à carência de pessoal (lembramos que a quase totalidade dos membros do Centro tem emprego ou prepara os exames);
2) O manual de alfabetização de experiência, feita em 1965 para o Movimento, está a ser refundido para ser impresso definitivamente, esperemos poder ter a nova edição impressa dentro de um a dois meses; a propósito de manual, pedimos que os camaradas nos informem se nesta edição é útil mencionar que a elaboração e edição é do Centro de Estudos, ou se tal é desnecessário;
3) Livro de leitura; começamos a elaboração de um livro de leitura que procuraremos imprimir na tipografia (gratuita como para o manual); não podemos garantir a data da sua edição, mas ela não será possível antes de dois a três meses;
4) Caderno revolucionário nº3: começámos a tradução da segunda parte do livro “A Resistência Vencerá”, cuja primeira parte foi publicada no caderno revolucionário nº2; não sabemos quando aditaremos o caderno nº3, pois, além das possibilidades do momento, há que contar com o interesse despertado nos militantes pela primeira parte do livro (o caderno nº2);
5) Trabalho para o bureau de Argel- o Paulo Jorge solicitou a nossa colaboração para publicações que a Delegação do Movimento em Argel vai fazer regularmente sobre a luta em Angola; pusemo-nos ao seu dispor e, na medida das nossas possibilidades procuraremos contribuir com o nosso trabalho.
CORRESPONDÊNCIA- conforme indicações da vossa última carta, assinada pelo camarada Agostinho Neto, vão dois exemplares desta carta; um para Dar-es-Salaam, outro para Brazzaville.
Temos recebido regularmente da Tanzânia as publicações do Movimento e os comunicados de guerra. Estes comunicados enchem-nos de alegria, pois mostram bem a amplitude que a luta armada, dirigida pelo M.P.L.A., está tomando. Estando nós tão longe da luta e com tão grande carência de informações sobre o desenvolvimento político-militar da luta de libertação, ficamos cheios de ânimo quando recebemos esses comunicados. É bem claro que o colonialismo português recebe violentos golpes que acabarão por o abater e que a Vitória é certa para o Povo Angolano.
Recebam, caros camaradas, as nossas felicitações pelos sucessos alcançados e as nossas fraternais.
SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS
P’la Direcção
*[Rubricado]
20, Av. Dujonchay
- ALGER -
Alger, 5 de Junho de 1967 (ANO DA GENERALIZAÇÃO DA LUTA ARMADA EM ANGOLA)
D/41/67
Comité Director Do M.P.L.A.
Caros Camaradas
Respondemos às vossas duas últimas cartas: 0317/3/67 e Nr. 4/P.
SUBSÍDIOS DO MOVIMENTO - A nossa situação financeira tem sido dificílima e, várias vezes, pusemos o Paulo Jorge ao corrente. Ele informou-nos há tempos que escreverá à Direcção do Movimento propondo que uma parte de uma certa quantia a receber pela Delegação, aqui, fosse entregue ao Centro. Há dias informou-nos que a Direcção do Movimento estava de acordo e que, portanto, ele nos entregaria 2.200 dinars. Em Abril tinha-nos já entregue 300 dinars; há dias entregou 1.000 dinars; em breve entregará os restantes 900. Como já nos remetera em Março passado uma quantia de 250 DA sob ordem da Direcção do Movimento, podemos dizer que, dentro de dias, teremos recebido uma importância de 2.450 DA relativos a parte dos subsídios do Movimento, em atraso.
No que respeita à quantia proveniente de Brazzaville e que, segundo a vossa primeira carta, nos chegaria em Maio, trazida por um delegado à Conferência Pan-Africana da Juventude, temos a dizer que nada recebemos até à data.
O último subsídio recebido da Direcção do Movimento era relativo ao mês de Janeiro de 1966, inclusive. Em fins deste mês haverá, pois, um atraso de 17 meses equivalendo a uma importância de 23800 DA. Como a Delegação do Movimento em Argel nos terá entregue 2450 DA, entretanto, os subsídios em atraso passarão a ser de 21.350 DA no fim deste mês.
Sobre a possibilidade de os camaradas utilizarem a via bancária para a satisfação do encargo, como era sugerido na vossa carta, temos a dizer que é possível fazê-lo, devendo a transferência ser feita no nome de PESTANA DOS SANTOS, Artur Carlos - 13 Rue Burdeau - Alger.
FICHAS DE INFORMAÇÃO - As fichas relativas ao mês de Abril foram expedidas no mês passado e já devem estar na vossa posse. Como na ocasião não tínhamos fundos, não as expedimos todas de uma vez. Hoje acabaram de seguir os últimos envelopes. Como os camaradas notarão pela leitura do catálogo de assuntos, foram acrescentados, neste, dois novos pontos: o 11.3.4 e o 20., por nos parecerem necessários. Agradecemos que nos digam quais as modificações que é preciso introduzir e os assuntos sobre os quais é mais necessário insistir nas próximas fichas.
Gostaríamos de poder elaborar as fichas em períodos de cada dois meses, mas, nas actuais condições de carência de pessoal e de grande trabalho de arquivo e documentação parece-me impossível fazê-lo sem prejudicar sensivelmente o trabalho necessário de documentação que, aliás, é a base sobre o qual assenta a elaboração das fichas de informação. Por isso pensamos que a periodicidade de 3 meses terá de se manter (isto visto de lado das nossas possibilidades).
Por outro lado agradecemos que nos informem se as fichas já chegaram.
TRABALHOS EM CURSO- 1) a selecção, classificação e arquivo da documentação prosseguem, embora abaixo do ritmo desejado, devido à carência de pessoal (lembramos que a quase totalidade dos membros do Centro tem emprego ou prepara os exames);
2) O manual de alfabetização de experiência, feita em 1965 para o Movimento, está a ser refundido para ser impresso definitivamente, esperemos poder ter a nova edição impressa dentro de um a dois meses; a propósito de manual, pedimos que os camaradas nos informem se nesta edição é útil mencionar que a elaboração e edição é do Centro de Estudos, ou se tal é desnecessário;
3) Livro de leitura; começamos a elaboração de um livro de leitura que procuraremos imprimir na tipografia (gratuita como para o manual); não podemos garantir a data da sua edição, mas ela não será possível antes de dois a três meses;
4) Caderno revolucionário nº3: começámos a tradução da segunda parte do livro “A Resistência Vencerá”, cuja primeira parte foi publicada no caderno revolucionário nº2; não sabemos quando aditaremos o caderno nº3, pois, além das possibilidades do momento, há que contar com o interesse despertado nos militantes pela primeira parte do livro (o caderno nº2);
5) Trabalho para o bureau de Argel- o Paulo Jorge solicitou a nossa colaboração para publicações que a Delegação do Movimento em Argel vai fazer regularmente sobre a luta em Angola; pusemo-nos ao seu dispor e, na medida das nossas possibilidades procuraremos contribuir com o nosso trabalho.
CORRESPONDÊNCIA- conforme indicações da vossa última carta, assinada pelo camarada Agostinho Neto, vão dois exemplares desta carta; um para Dar-es-Salaam, outro para Brazzaville.
Temos recebido regularmente da Tanzânia as publicações do Movimento e os comunicados de guerra. Estes comunicados enchem-nos de alegria, pois mostram bem a amplitude que a luta armada, dirigida pelo M.P.L.A., está tomando. Estando nós tão longe da luta e com tão grande carência de informações sobre o desenvolvimento político-militar da luta de libertação, ficamos cheios de ânimo quando recebemos esses comunicados. É bem claro que o colonialismo português recebe violentos golpes que acabarão por o abater e que a Vitória é certa para o Povo Angolano.
Recebam, caros camaradas, as nossas felicitações pelos sucessos alcançados e as nossas fraternais.
SAUDAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS
P’la Direcção
*[Rubricado]
Carta do Centro de Estudos Angolanos em Argel (D/41/67 - Argel) ao Comité Director do MPLA.
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.