Editorial da «Voz de Angola Combatente»

Cota
0107.000.009
Tipologia
Texto de Análise
Impressão
Dactilografado (2a via)
Suporte
Papel Comum
Autor
MPLA «Angola Combatente»
Data
1968
Idioma
Conservação
Mau
Imagens
2
A PROPÓSITO DE UMA VISITA Ao expirar o ano de 1967 a diplomacia norte-americana decidiu enviar em visita a África o Vice-Presidente dos Estados Unidos, HUBERT HUMPHREY, que acompanhado de um séquite de sessenta pessoas, devia cumprir no espaço record de 13 dias um programa carregado em 9 países. Os objectivos de uma tal visita foram expressos pelo próprio Vice-Presidente HUMPRHEY, que exprimiu no momento da sua partida de Washington a esperança de “adquirir melhor compreensão de África” e de deixar atrás de si “uma melhor compreensão de América”; Estas palavras foram acompanhadas das habituais promessas vazias de “eliminar a miséria, a ignorância, a sub-alimentação e a doença”… Ao escutarem tais promessas, os povos africanos não podiam deixar de reconsiderar o significado das apregoadas boas intenções do chefe de fila do imperialismo internacional. Mergulhados no lodaçal de uma cruel guerra de agressão ao povo heroico do Vietnam a braços com uma ameaça de guerra civil provocada pela sua abjecta política racial, impotentes em face da gigantesca resistência que os criminosos bombardeamentos sobre a República Democrática do Vietnam não conseguem abalar, os imperialistas norte americanos são o alvo de uma impopularidade crescente por parte de todos os povos do globo. O próprio papa Paulo VI, interpretando o sentir de milhões de crentes, teve de exprimir a um presidente Johnson irritado a sua reprovação pelas barbaridades cometidas pelo governo americano no Vietnam. E não é só no Vietnam que se manifesta a selvajaria yankee; os povos africanos têm sob os sues olhos numerosas outras imagens da política agressiva dos USA noutras regiões do mundo e em particular no Congo Kinshasa, no Ghana, no Médio Oriente, no Yémen, na América Latina assim como o auxílio ao governo colonialista português na guerra contra os patriotas de Angola, da Guiné e de Moçambique e o apoio activo aos regimes racistas da Rodésia e da África do Sul. Perante estes factos gritantes, conscientes ainda por cima de que a pretensa ajuda americana a África (que está em vias de diminuir e que nem sequer ultrapassa 7% do orçamento destinado pelo governo americano à ajuda externa), os povos africanos, quer os dos países independentes, quer os dos que de armas na mão lutam pela sua independência, podem acreditar nas boas intenções anunciadas pelo Vice-Presidente americano nas diferentes etapas de seu périplo africano. A cordialidade real ou aparente que lhe dispensaram os Chefes de Estados da Costa do Marfim, da Libéria, do Ghana, do Congo-Kinshasa, da Zâmbia, da Etiópia, da Somália, do Kénia e da Turquia, e os acordos assinados aqui e ali, não foram suficientes para abafar as sinceras manifestações populares de hostilidade à política imperialistas de agressão e de controlo nos cinco continentes, manifestações que Juventude africana encabeçou por todos os países onde passou o homem de estado americano. Se, como ele próprio disse, HUMPHREY veio para compreender a África, a recordação que levará será a de que o nosso continente – que ainda se está a refazer das chagas causadas pela dominação colonialista – apoia com firmeza o povo heroico do Vietnam, e condena sem reservas a descarada intromissão do imperialismo norte-americano na Ásia, na África e na américa Latina. O Povo combatente de Angola junta também a sua voz à de todos os povos de África para gritar: Americanos, patas fora do Vietnam! Americanos vão para a vossa terra! África quer viver livre e em paz!
«A propósito de uma visita»: editorial sobre a visita de Hubert Humphrey a África
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