Carta de José Belo Chipenda a Armindo Fortes

Cota
0047.000.012
Tipologia
Correspondência
Impressão
Policopiado
Suporte
Papel comum
Remetente
José Belo Chipenda
Destinatário
Armindo Fortes
Data
Idioma
Conservação
Bom
Imagens
1
Observações

Foi publicado no 3º volume de «Um amplo movimento…»

 8 de Fevereiro de 1963 Caro colega, Armindo [acrescentado à mão] Se os anos que passam fazem das crianças homens, e dos homens velhos, connosco isto não acontece porque vivemos na esperança de um dia, aquele dia em que havemos de regressar à Terra que nos viu nascer. Se outras forças nos separam, pelo menos a esperança que nos é comum deve incentivar em nós o espírito de fraterna cooperação. Falando agora de Angola, parece que todos nós sabemos que Washington prefere mandar aterrar os seus aviões nos Açores [do] que contribuir para a nossa tão desejada liberdade. Nas Nações Unidas o voto dos Estados Unidos que em 1961 esteve ao nosso lado, foi categoricamente lançado a favor de Portugal. Neste momento o público Americano está sendo informado que já não há distúrbios em Angola. Será isto verdade? O que devemos fazer? Gostaria de ouvir as sugestões dos colegas. Diz-se haver duas datas que marcam o início da nossa REVOLUÇÃO. Uma delas é [o] 15 de Março. Se todos estivessem de acordo devíamos fazer alguma coisa neste dia. O colega Augusto Bastos em Washington está a pensar em apresentar um programa e pede a nossa cooperação. Seguindo a mesma ideia, estou certo que Angola podia ser beneficiada se cada filho da Terra, em qualquer parte onde estivesse, convidasse amigos no seu dormitório – se muito não puder ser feito – para lhes expor o significado do dia e as razões que levaram o nosso povo à acção. Desde Setembro do ano passado o colega Jerónimo de Almeida que está agora no Hope College, B-130 Kollen Hall, Holland – Michigan, está a receber 2 dollars todos os meses de cada um de nós. Já temos algum dinheiro guardado que deve ser posto em circulação para ser útil à causa. Queremos ouvir sugestões de como usar este dinheiro. a) Ajudaremos os Angolanos deportados em Cabo Verde? b) Socorreremos os refugiados no Congo (comida ou medicamentos)? c) Ajudaremos um ou dois jovens angolanos no Congo para que estudem no Congo? É evidente que o nosso trabalho deve ser – chocar o público Americano com a realidade do problema Angolano. Enquanto isto se estiver fazendo, o mesmo público deve ser levado a contribuir para a nossa causa. Para este fim precisamos de ter fotografias e artigos que ilustrem a situação dos refugiados no Congo. É só vendo e ouvindo que o povo Americano se convence. Do colega, José Belo Chipenda [com assinatura] [Acrescentado à mão por Agostinho Neto: 1º Agradeço a tua carta. Soube do Dr. Neto que tinhas escuta para ele. 2º Estamos a procurar pôr todos os estudantes a trabalhar. Tu foste o primeiro a lançar algumas das ideias que vão nesta carta. Se quiseres apresentar mais sugestões agradece-las-emos. 3º É tempo para convocar a reunião de todos os angolanos para Junho achas que é possível? Onde deve ter lugar? Quais os teus planos para férias? Escreve quando puderes.]

Carta de José Belo Chipenda a Armindo Fortes. Carta policopiada, com uma nota manuscrita

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